VOTAR, SIM, MAS…

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Como sempre, também desta vez, prevejo que em Ponta Delgada a maioria vai votar branco, nulo ou abster-se.

Um costume açoriano é escrever por cima do boletim: “MERDA DE VACA PARA O CONTINENTE!” Esta frase tem origem numa história com séculos, que se conta nos Açores.

Estas ilhas paradisíacas espalhadas pelo oceano sofrem muito com terramotos, como se sabe. Uma delas, a dada altura, fora, uma vez mais, muito castigada pela natureza e perdeu muita população. Na aflição, os habitantes dirigiram uma mensagem ao Rei. Para a entregar, incumbiram dois bons navegadores e quatro marinheiros.

Semanas passaram sem resposta alguma. A aflição, por ausência de ajuda, era crescente. Já se pensava que a pequena embarcação poderia ter-se afundado ou caído em mãos de piratas argelinos. Nunca se soube o que lhes aconteceu.

Mas, um dia, de repente, surgiu no horizonte uma grande embarcação, que vinha da metrópole. A alegria do povo foi tremenda. Cantava-se e gritava-se: “O REI NÃO NOS ABANDONOU! VEM AÍ AJUDA !”.

Quando um pequeno batel desembarcou, vieram de todas as aldeias da ilha para desejar boas vindas aos dois homens que os marinheiros haviam colocado em terra. Qual não foi, porém, a dor tremenda, quando se aperceberam que quem viera do continente era um novo cobrador de impostos e o seu escrivão!!!!~

Bem, o que se passou de seguida é segredo mal guardado. Diz-se que facto é que os dois foram enterrados ali mesmo  na praia!

Também se conta que alguém, com escopro e martelo, gravou duas cruzes num rochedo da praia, viradas às avessas. Como que para dizer que esses não eram cristãos mas emissários do inferno. Mais tarde, alguém escreveu por baixo: MERDA DE VACA PARA O CONTINENTE!, a única moeda adequada para pagar impostos!

Há quem diga que esta história, embora bem conhecida, é simplesmente mais um mito ilhéu! Há, ao invés, quem diga que é verdade. Eu procurei a tal pedra; não a encontrei, o que em si não prova nada, mas dá que pensar!

Também Afonso de Albuquerque, vice-rei da Índia, se lembrou de algo do género: pagou o tributo devido ao Xá da Pérsia em balas de canhão em vez das esperadas moedas de ouro!

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