Portugal virou à direita. Há uma maioria de direita, somando os votos na AD, IL e Chega. Se Montenegro revogar o “não é não”, André Ventura será vice-primeiro-ministro e Pedro Pinto ministro da Administração Interna. Só não seremos alvo da chacota mundial porque a extrema-direita está a subir também em muitos outros países europeus.
Temos de lamentar a decisão de António Costa, quando decidiu apresentar a demissão, por causa de uma suspeição evidenciada num comunicado da Procuradoria-Geral da República. Costa disse que “um primeiro-ministro não pode estar sob suspeição”. Teria sido preferível manter-se em funções, não ter dado a Marcelo a oportunidade para proporcionar o regresso ao poder do PSD e esperar que a justiça apresentasse alguma coisa de concreto. Marcelo não é a âncora da estabilidade democrática que deveria ser. É um viciado em jogos políticos, duas dissoluções da Assembleia da República demonstram essa pulsão desestabilizadora.
Marcelo preferiu o terramoto, quando podia ter aceite um novo primeiro-ministro indicado pelo partido que detinha a maioria absoluta parlamentar. O governo emana do parlamento, apenas indiretamente depende do resultado de eleições.
Certamente que a festa dos 50 anos do 25 de abril não merecia este enquadramento. Vai ser um momento de nostalgia quando deveria ser um momento de felicidade.