ISRAELITAS PODEM SER DETIDOS SE VIAJAREM PARA FORA DE ISRAEL

O genocídio do povo palestiniano está em fase de "normalização", a matança continua mesmo se há cada vez menos notícias sobre o que se passa em Gaza e na Cisjordânia. Só algumas vozes solidárias conseguem provocar ondas no lodaçal político que envolve a ação de Israel.

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A África do Sul anunciou que os militares judeus com cidadania sul-africana serão detidos quando regressarem ao país. O aviso foi feito pela própria ministra dos Negócios Estrangeiros sul-africana, Naledi Pandor.

“Já emiti uma declaração alertando os sul-africanos que estão a lutar ao lado ou na Força de Defesa de Israel. Estamos prontos. Quando voltarem para casa, vão ser detidos”, disse a ministra Pandor, quando falava numa conferência sobre a solidariedade da África do Sul com os palestinianos e a petição apresentada por Pretória contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça em Haia.

fonte jornal Haaretz

A África do Sul alertou os seus cidadãos que podem ser processados judicialmente, se houver suspeita de que violaram o direito internacional ao lutar integrados no exército israelita em Gaza.

A ministra apelou, ainda, para um boicote aos produtos e serviços israelitas, e deu o exemplo da companhia aérea nacional israelita El Al, que já estará a cancelar voos devido à escassez de passageiros.

A ministra Naledi Pandor explicou, depois, as razões da solidariedade da África do Sul com a luta do povo da Palestina.

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Esta questão da detenção de militares israelitas com dupla nacionalidade é muito delicada para Israel. Quando preparou a invasão de Gaza, depois do ataque do Hamas de 7 de outubro, Israel convocou 300 mil reservistas que vivem fora do país. São 300 mil pessoas que têm outras nacionalidades, mas que mantêm um vínculo sentimental, religioso, ideológico, com o Estado de Israel.

Foi noticiado pelo jornal israelita Haaretz que autoridades militares estão a fazer um levantamento de militares que sejam nacionais de países considerados problemáticos. Esses militares serão instruídos sobre o modo como devem agir quando quiserem regressar aos países onde vivem e trabalham. Segundo o Haaretz, esse contacto instrutório já foi feito com militares com cidadania russa, ucraniana, bielorrussa e letã.

O CASO DAS RELAÇÕES COM O BRASIL

O Presidente do Brasil sempre foi considerado amigo de Israel. Nas várias visitas que fez, durante os primeiros mandatos presidenciais, Lula foi recebido com prazer pelas autoridades israelitas. A recente declaração de Lula, quando comparou a guerra de Israel em Gaza com o extermínio de judeus durante a II Guerra Mundial, estragou a boa e antiga relação diplomática do Brasil com Israel.

“O que está a acontecer na Faixa de Gaza não é uma guerra. É genocídio”, disse Lula. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino quase nunca aconteceu em nenhum outro momento da história. Na verdade, isso aconteceu apenas uma vez, quando Hitler decidiu matar os judeus”, citamos. Caiu o “Carmo e a Trindade” em Telavive.

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Por causa disto, o presidente brasileiro foi declarado persona non grata em Israel. Em seguida, o Brasil convocou o embaixador Meyer para consultas e, por sua vez, convocou o embaixador de Israel no Brasil para uma repreensão.

UM ANTISSEMITA DE ESQUERDA?

O presidente do Brasil não é de forma alguma um antissemita ou antissionista, como é evidenciado pela sua história pessoal e pelas políticas dos seus governos, desde sempre.

O primeiro encontro de Lula com o sionismo ocorreu durante o período da ditadura no Brasil, na década de 1970. Naquela época, encontrou refúgio entre os grupos de esquerda Hashomer Hatzair e Mapam, em São Paulo. Durante a década de 1980, rodeou-se de conselheiros e colegas judeus da comunidade judaica no Brasil. Alguns deles permanecem com Lula até hoje.

Lula visitou Israel três vezes, enquanto Presidente da República. Visitou Yad vashem, em Jerusalém, onde se perpetua a memória do Holocausto, visitou colonatos, celebrou acordos de cooperação com Israel. Desde 2002 até 2010,  dez ministérios brasileiros– incluindo educação, economia, agricultura, ciência e saúde – participaram em projetos conjuntos com Israel. Lula discursou no Knesset, o parlamento israelita e plantou uma árvore na “Floresta das Nações” do Fundo Nacional Judaico – símbolo do sionismo aos olhos do mundo – em Jerusalém. Durante uma visita ao Yad Vashem, passou longas horas nos arquivos do museu e encontrou o seu nome de família Silva entre as listas de vítimas do Holocausto, uma experiência que costuma dizer ter sido a mais comovente para ele.

Lula foi o primeiro presidente brasileiro que optou por se envolver ativamente na tentativa de resolver o conflito israelo-palestiniano e em apoio a uma solução política. Como parte desse esforço, durante outra visita a Israel, ele fez questão de depositar flores no túmulo de Rabin e fez o mesmo no túmulo de Yasser Arafat em Ramallah.

Lula não é antissemita, apenas falou a verdade. O que Israel está a fazer em Gaza é um genocídio.

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