GUERRA COMERCIAL COM A CHINA

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Bons e baratos, os carros elétricos (EV) chineses vão passar a ter de pagar tarifas aduaneiras mais altas. Quem os quiser comprar, vai ter de pagar mais. A medida está a ser estudada pela Comissão Europeia e visa proteger a indústria automóvel da Europa.

Ou seja, em vez dos fabricantes europeus desenvolverem novos modelos que possam competir em qualidade e preço com os chineses, o mercado será regulado através de medidas protecionistas. O argumento da Comissão Europeia é que o preço dos EV chineses é mantido artificialmente baixo, através de subsídios estatais de apoio.

A Comissão Europeia diz ter provas do que afirma, mas não as mostra. Diz que a investigação em curso só será divulgada no final de 2024. As importações de EV chineses aumentaram 14% nos últimos meses. As vendas de EV estão a subir em flecha e as marcas europeias não conseguem travar o “assalto” chinês ao mercado europeu. Daí que as tais barreiras alfandegárias aos EV da China devam ser erguidas quanto antes, presumivelmente em meados de 2024. Nada disto é surpresa, já há mais de 6 meses que a Comissão Europeia anda a dar sinis de querer um confronto com a China, por causa dos EV.

recorte de artigo publicado em https://duaslinhas.pt/2023/09/europa-nao-quer-eletricos-chineses-baratos/

No entanto, há marcas europeias que estão a fazer o que é certo. A Renault (através da Dácia) e a Citroen, por exemplo, já têm modelos com preços de venda ao público bastante competitivos. São os casos do Dácia Spring, 100% elétrico, à venda por 19.900€ (mas tem apenas potência equivalente a 45cv) e do Citroen e-C3 que está quase a chegar com preços a rondar os 24 mil euros (potência equivalente a 113cv). Ambos os modelos aproveitam chassis e carrocerias dos modelos irmãos com motores de combustão. Ou seja, isto prova que é possível a indústria europeia competir em termos de qualidade/preço com os fabricantes chineses, sem precisar de recorrer a esquemas que cheiram a batota.

Quem decide deveria perceber que a maioria dos cidadãos não consegue comprar EV ao preço a que a maioria das marcas apresenta os seus modelos. Os carros elétricos ainda são um artigo de luxo, quando deveriam ser acessíveis a todos, em nome da descarbonização do setor.

E depois há uma outra questão: é evidente que a China vai retaliar. A maioria das fábricas de baterias para EV estão na China. Boa parte do custo de um EV está na bateria. Se esse componente subir de preço, os modelos europeus ficarão igualmente mais caros. Ou a Europa recupera o setor industrial e passa a suprir as suas próprias necessidades ou estas guerras comerciais acabam por ser mais prejudiciais que benéficas. Imaginemos que esta guerra comercial passa para outros setores…

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