Agora que APV está n’ O Lugar do Morto (título de um dos seus filmes), também vou contar a derradeira vez que (não)estive com ele. Um (des)encontro marcante, pelo menos para mim.
Há muito que se discute a gestão financeira da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA). Aqui, neste site, abordámos essa questão por duas vezes. Resumidamente, há zum-zuns nunca confirmados, nunca desmentidos, de gestão danosa, abuso de confiança, nepotismo, um rol de benefício ilegítimos que nunca foram investigados. Uma das questões mais intrigantes sobre a SPA é o tipo de boletim de voto utilizado.
Na imagem que reproduzimos, percebe-se que o voto não é secreto, uma vez que é solicitado que o votante se identifique. Ora, assim, fica fácil controlar contestatários.
Na segunda tentativa de desfiar o novelo, o contacto telefónico com APV prometia informações, documentação comprovativa, dados muito concretos para serem publicados. Encontro marcado para o snack-bar Carrocel, na avenida Infante Santo, o local onde lhe era mais conveniente estar comigo. À hora marcada lá estava. O tempo passou, enviei-lhe uma mensagem a confirmar que já estava no local combinado. Uma hora depois da hora marcada, APV não apareceu. Não respondeu à mensagem. Não atendeu quando tentei uma ligação de voz. Horas depois, recebo uma mensagem dele, lamentando não ter comparecido, estaria numa outra reunião mais importante. Mas comigo não marcou nova data. Tinha-se arrependido de tentar clarificar o assunto em que estaria alinhado com outros autores contestatários.
Hoje, no site da SPA vem uma mensagem de pesar: “a SPA manifesta o seu pesar pela morte, aos 84 anos, do realizador António-Pedro Vasconcelos, beneficiário da instituição desde 1975 e seu cooperador desde junho de 1986.” E um copypast do curriculum vitae do realizador de cinema.
Paco Bandeira, no Facebook, diz que “António Pedro Vasconcelos realizou-se”. Talvez não. Talvez tenha faltado fazer este último filme. Teria sido um policial interessante.