Acabou-se a crise

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Até véspera das eleições de 10 de Março, quem assistisse à abertura dos telejornais, em especial os emitidos pelas televisões privadas, ficava com a nítida sensação de que o país andava à deriva. Havia gente a morrer à porta dos hospitais por falta de médicos e enfermeiros, não havia aulas porque as escolas não estavam a funcionar, seja por falta de professores, seja pelas greves encetadas pelos mesmos, os serviços prisionais não asseguravam uma guarda com respeito pelo condenado, a policia não policiava os recintos, em especial os desportivos, os agricultores não tinha água porque o governo não inventava uma forma de os abastecer de forma continua, … enfim, um país a cair para o abismo.

Uma semana após as eleições, ainda sem resultados definitivos quanto ao vencedor, apesar de um já se ter declarado como tal, e o outro já se ter retirado para a oposição, eis que o país, de repente, como se num passe de mágica, passasse a estar na maior das normalidades.

A tranquilidade chegou, amigos!

Mas terá alguma vez existido intranquilidade e descontrole nas funções sociais do Estado?

Não, nunca houve colapso nem falta de resposta por parte dos serviços públicos. Havia, há e haverá falhas pontuais e algumas até cíclicas. Mas uma coisa é o aperto em períodos de pandemia ou nos surtos gripais do Inverno, ou a falta de professores no inicio de um ano letivo, outra coisa bem diferente é o colapso dos serviços.

Ou será que após o dia 10 de Março houve, sim, um valente cagaço com o que ai pode vir, provocado pela votação expressiva duma parte do eleitorado, muitos deles abstencionistas tradicionais, num partido de extrema direita, com cerca de um milhão e cem mil eleitores, e com os dois maiores protagonistas das anteriores governações quase empatados, sem uma solução estável à vista?

Pacheco Pereira escreve esta semana um artigo no jornal Público, em que aborda uma questão pertinente. Há um excesso de comentadores e analistas na comunicação social, muitos deles ao serviço de instituições com interesses no tecido económico ou em corporações profissionais. Outros são claramente aquilo a que os norte americanos denominam por Spin’s, e alguns mais disléxicos procuram descontextualizar afirmações feitas pelo poder politico, criando a ideia que o mesmo se contradiz ou é incoerente.

O mundo mediático tentou em vão levar a AD ao colo, promovendo-a, como se de facto esta fosse governar o país de forma muito diferente do PS, em face dos resultados económicos anteriores, que, pasme-se, até são bons, e nos levaram à subida de rating da divida pública. Nunca valorizaram esse pequeno por maior, termos uma divida abaixo dos 100% do PIB, e termos um deficit abaixo de zero. Para a nossa comunicação social apenas havia um país onde a corrupção campeava e os serviços públicos colapsavam.

Como escreve José Pacheco Pereira, e bem, quem acabou por engordar com essa narrativa, montada por boa parte da comunicação social para ajudar a vender a mensagem da AD, foi o Chega. Tanto queriam dar um empurrãozinho, eximindo-se às suas responsabilidades de informar com verdade e analisar com distanciamento, que acabaram a propalar a mensagem do Ventura, do estilo: “anda tudo a gamar”.

Agora desenvincilhem-se deles, se não querem um dia ficar com a boca tapada ou voltar ao lápis azul.

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