SAÚDE PARA TODOS

O SNS é um sistema sanitário universal e tendencialmente gratuito. Está consagrado na Constituição da República Portuguesa. Foi criado com o intuito de fazer chegar a todos os cidadãos, independente do sexo, etnia, raça, credo ou religião, os cuidados de saúde básicos para que ninguém se sinta socialmente excluído.

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Até aos governos de Cavaco Silva, o sector da saúde esteve em grande parte nas mãos do Estado, das Misericórdias e das Ordens Religiosas Hospitaleiras, com especial incidência destas últimas, no Norte de Portugal. O lucro não era o seu objetivo principal. Primava-se pela qualidade dos serviços e a sustentabilidade da instituição.

Só no Porto tínhamos como unidades de saúde com cirurgia e internamento, os Hospitais Religiosos: Ordem do Carmo, Ordem do Terço, Ordem da Trindade, Ordem de São Francisco, Ordem da Lapa, Franciscanas Missionárias de Nossa Senhora, Casa de Saúde da Boavista pertencente à Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição.

Toda esta gente se dedicava a cuidar e apoiar doentes, sendo que a maioria funcionava como sistema privado de saúde. Algumas em complementaridade, como casas de repouso da terceira idade. A maioria já fechou por manifesta falta de religiosas. Outras foram compradas ou concessionadas a privados do sector da saúde, como o grupo CUF, por exemplo.  

Esta semana soubemos que o SNS está a fazer mais cesarianas do que é normal, nos hospitais públicos, nas grávidas deste país ou das que aqui vem dar à luz, mas ainda assim em número muito menor do que os partos feitos nos hospitais do sector privado.

A noticia é publicitada não como uma mera informação estatística, mas tentando vender-nos a ideia de que no privado é que é bom, pois ali todas as mães têm direito a uma cesariana.

Vivemos tempos em que ser-se sério e intelectualmente honesto parece uma raridade só alcançável por alguns. O que é falso. Há sim gente escolhida a dedo para nos vender trapaças em papel celofane, como se a realidade fosse essa.

Senão vejamos:

Ninguém vai a um hospital privado para que a criança nasça de parto natural. Ao contrário, no hospital público privilegia-se essa técnica, ainda que mitigada com algumas formas de agilização evitando a dor da mãe. Recorre-se à cesariana nas situações mais complicadas ou em que se desaconselha o parto natural. Por exemplo, em maternidade bastante tardia.

Se uma progenitora vai fazer um parto fora do SNS, já vai com a predisposição de pagar uma cesariana. Aliás seria um desperdício de dinheiro, estar a ter encargos financeiros para se fazer um parto natural numa clinica privada. Há exceções, mas são isso mesmo, raridades.

Os encargos do SNS são enormes. Todos os anos crescem uns milhões de euros. Hoje, por via da globalização, até já temos gente que imigra para Portugal com o único objetivo de aqui dar à luz, e com isso acelerar o processo de legalização. Podemos discutir se isso é justo ou não. Mas há uma coisa óbvia. O SNS não deixa ninguém de fora. Já as parturientes que vão para o sector privado, e bem, é um direito legitimo, por norma fazem-no por terem um subsistema de saúde que lhes garante, no mínimo 50% do custo da intervenção medica. Não fora isso e a maioria delas estava no SNS.

Acresce a maternidade ser exercida pelas mães, cada vez mais tarde. Por variadíssimas razões. As mães que exercem esse direito a partir dos 30 anos tendem a ir para os hospitais privados, tendo os seus filhos por cesariana, muitas vezes por mera precaução. Já as mães mais novas, muitas delas ainda sem grande estabilidade profissional e financeira, ficam-se na maioria das vezes pelos hospitais do SNS.

Dito isto, sem um SNS eficaz e generoso, que cumpra o seu papel social, um dia destes só parem as mulheres ricas!  

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