O relato de Arminda é elucidativo:
“É com o rosto afogueado, as orelhas a arder e o coração acelerado que tento escrever o que me aconteceu. Prudente como sou, quase podia jurar que estava a salvo, apesar de já ter ouvido falar nisso.
Pois foi hoje.
De manhã, recebi uma mensagem, no whatsapp, de um dos meus filhos, dizendo que o seu telemóvel estava no arranjo e pedindo-me que registasse o número provisório com que estava a contactar-me. Assim fiz.
Umas horas depois, através desse número, perguntou-me se lhe fazia um pagamento urgente que ele não estava a conseguir fazer. Respondi imediatamente que sim e pedi-lhe os dados. Recebi a entidade, a referência e o montante para pagar.
Achei um valor elevado mas não me senti no direito de fazer perguntas, uma vez que ele me tinha dito que amanhã mo devolveria. Disse-lhe que trataria disso mais tarde porque nesse momento estava à espera de visitas. Cerca de duas horas depois, ele insistiu: “então, mãe, fazes-me isso? Depois, manda o comprovativo para aqui, ok? “ Logo que fiquei sozinha, tratei do pagamento e enviei-lhe o comprovativo, por SMS, para o seu número verdadeiro, esquecida de que esse telemóvel estaria no arranjo…
Perante a pergunta dele – “que comprovativo é este?” – reclamei: “estás a brincar comigo ou quê?” Pois foi nesse momento que a verdade me trespassou, como uma flecha: “Mãe, foste burlada!”
Foi horrível. Eu não conseguia acreditar. A foto do whatsapp era a do meu filho, o modo de me abordar era igual, a escrita correta, bem pontuada, sem erros, acompanhada de emojis de beijinhos, como se fosse dele! E uma revolta enorme contra mim mesma, por não ter sido cuidadosa, não me dava descanso. Nem sei quantas vezes me insultei e me chamei de burra!
Perdi o dinheiro que me foi extorquido e perdi também, por momentos, o pedaço de dignidade que alguém desconhecido pisou, na minha frente, sem dó nem piedade. Partilho, para que não caiam como eu caí.”
Este tipo de burla é recorrente. O Whatsapp parece ser a rede social mais utilizada por este tipo de bandidos. Os avisos repetem-se, mas há sempre alguém mais desprevenido. Não são só as mães a cair na esparrela, pais, avós, todos caem. Mas os mais atentos, reagem assim:
