O Estado criou uma aplicação para documentos de identificação que permite ter cópias válidas da carta de condução, do cartão de cidadão e de outros documentos: a aplicação chama-se id.gov.pt.
Depois de fazer download da aplicação (isso é fácil), a coisa só funciona se tiver a Chave Móvel Digital (CMD) ativa. Aqui surgem os melindres.
A ativação da CMD está rodeada de preliminares. Trata-se de um procedimento que tem de dar garantias de segurança ao utilizador e ao Estado. A “chave” não pode cair em mãos alheias, sob pena do cidadão ser alvo de toda a sorte de tropelias de piratas informáticos.
Um dos aspetos mais ‘estranhos’, digamos assim, é o pedido para “Certifique-se de que está num local bem iluminado. É necessário captar imagens do seu rosto e do seu Cartão de Cidadão.”
Será que já estamos a ser fichados por ‘reconhecimento facial’? Estamos a falar de tecnologia que está implementada já em vários países, China e Israel, por exemplo. Não são só as ditaduras que estão interessadas nesta capacidade de controlar as populações. A pretexto da luta contra o terrorismo ou da segurança nas ruas, os regimes democráticos são igualmente clientes destas empresas que desenvolvem sistemas de vigilância das populações.
E PENSAR QUE INVENTARAM O TELEMÓVEL PARA CHAMADAS DE VOZ
Voltando à nossa terra, a aplicação do Governo permite a instalação de variadíssimos documentos. Na prática, todos os documentos de identificação emitidos pelo Estado Português para cidadãos portugueses, como o Cartão do Cidadão, a Carta de Condução, o Documento Único Automóvel (DUA) ou o cartão de saúde da ADSE para os funcionários públicos, são exemplos de documentos que podem ser adicionados na app id.gov.pt por nacionais que tenham Chave Móvel Digital (CMD) ativa.
Quais as vantagens de aderir a mais este atalho tecnológico? Aparentemente poucas, mas pode dar jeito se alguma vez for mandado parar numa operação stop e se tiver esquecido a carteira em casa. Mostra a ‘papelada’ digitalizada no telemóvel, através da aplicação do Estado, claro. O polícia bate a pala e manda seguir.
O telemóvel, inventado para que as pessoas estabelecessem com facilidade ligações de voz umas com as outras, já serve para tudo. Talvez esteja na hora do Estado estabelecer gratuitidade para a transmissão de dados, uma vez que o aparelho já é de existência obrigatória para o cumprimento de diversas obrigações legais.