As análises aos debates feitas por jornalistas em vários órgãos de comunicação, com pontuações positivas e negativas, a cada intervenção do candidato, num somatório de atributos argumentativos, os quais, no final darão a vitória a um dos lados, transformam um debate numa contenda desportiva, com nota artística, ao bom estilo das danças ou patinagem. Parece-me ridículo.

O jornalista tem uma opinião e tem o direito de a exprimir. Até ter uma afiliação partidária. Pode manifestar a sua concordância ou discordância em relação às ideias dos candidatos, mas daí a quantifica-la como se estivéssemos numa competição artística ou desportiva vai uma grande diferença.
Qualquer jornalista bem formado no plano académico e profissional, devia saber que há uma predisposição do espectador que assiste a um debate deste género, que o leva a entrar em jogo, como audiência, já com uma ideia pré formada sobre os intervenientes.
Ora aquilo que se espera deles, intervenientes, é que um deles possa desfazer essa percepção do espectador para um dos lados, convencendo-o a mudar-se para o seu, com base nos argumentos expostos.
Mas alguém acredita que os eleitores se interessarão pela pontuação atribuída pelos jornalistas aos candidatos, sabendo muitos de nós quais as suas simpatias políticas, em face dos candidatos?
Se o jornalismo não se coibir de promover tanto facciosismo que por aí pulula nos órgãos de informação, acabaremos todos num pântano.
