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cartoon de Georgii Kobiashvili

A guerra na Ucrânia entra hoje no terceiro ano, se não considerarmos como guerra a situação que prevaleceu no Donbass desde 2014. Mas foi em 24 de fevereiro de 2022 que o exército russo entrou pela Ucrânia dentro, naquilo a que o Kremlin chamou “Operação Militar Especial”.

Para assinalar a data, os EUA decretaram mais medidas que visam sancionar a economia da Rússia. Essas medidas irão ser impostas aos aliados dos americanos e serão contrariadas pelos aliados da Rússia. O mundo cada vez mais dividido e empenhado na guerra.

Basicamente, as novas sanções dirigem-se ao sistema de pagamento MIR, a versão russa do sistema de pagamentos SIBS, sistemas através dos quais se processam pagamentos financeiros internacionais. O sistema MIR, foi implantado a partir de 2015 em resposta às sanções ocidentais após a anexação da Crimeia em 2014.

Os EUA pretendem ferir a economia russa, principalmente diminuir as receitas da exportação de hidrocarbonetos da Rússia. As sanções têm falhado, até agora, o crescimento económico da Rússia foi de 3,6%, em 2023. A previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgada em janeiro, fala de crescimento de 2,6% do PIB para 2024. Isto mostra que a guerra é um bom negócio também para a Rússia, não apenas para os EUA.

As medidas agora decretadas pretendem dificultar a atividade e a liberdade de circulação de pessoas e de empresas, russas e de países aliados. Acontece que entre os aliados da Rússia e países que não aceitam as políticas americanas estão, entre outros, a China, a Índia e o Brasil.  Ou seja, metade do mundo não alinha com os EUA. Na verdade, o Governo americano jamais conseguirá sancionar todos os que colaboram com a Rússia, porque as sanções acabam por ter um efeito de boomerang e prejudicar também a economia do sancionador.

Por exemplo, na nova lista de alvos a sancionar estão dezenas de empresas e organizações russas, mas também da China, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Cazaquistão e Liechtenstein, num total de 500 alvos entre individualidades e organizações. Os negócios poderão não se fazer com os americanos e europeus, mas certamente que continuarão a ser feitos na outra metade do mundo. Por exemplo, Portugal deixou de receber turistas russos? Eles foram vistos a passear nas praias do Vietname e do Brasil. Talvez venham a faltar mais produtos nas prateleiras do ocidente do que no oriente. Para já, nas ‘prateleiras’ faltam balas, obuses, mísseis, munições para a Ucrânia.

Incluir a má sorte do dissidente russo Alexei Navalny nas reais preocupações do Governo americano é mera propaganda. Cada vez menos se acredita nas intenções cozinhadas na Sala Oval, face ao que tem acontecido na Palestina e noutras partes do mundo, onde persistem conflitos igualmente injustos alimentados pelos interesses dos EUA e seus aliados.

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