MAGIAS E ASSOMBRAÇÕES DE SINTRA

Breve roteiro pelos locais de rituais satânicos, lendas e assombrações de Sintra. Estigmas que marcam a vida da vila até hoje.

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A magia de Sintra, o romantismo da vila, são hoje argumentos do marketing turístico. Mas, há uma origem verdadeiramente mística para essa imagem de mistério que Sintra tem e que não está apenas relacionada com os típicos nevoeiros que persistem quase todo o ano. Tanto na vila como na serra, há muitos locais que são procurados pelos que praticam rituais satânicos ou pagãos.

É bastante comum encontrar vestígios desses rituais pela serra de Sintra, desde S. Eufémia da Serra até ao Santuário da Peninha. Se for à Lagoa Azul ou à Barragem do rio da Mula, no entroncamento na Pedra Amarela, poderá encontrar despojos desses rituais. Alguns são bastante macabros, com a utilização de cadáveres de animais sacrificados, principalmente gatos pretos, sapos ou cabras, desmembrados, decapitados. Um horror.

Noutros locais vai encontrar velas, simbologia, principalmente em grutas ou recantos mais remotos na floresta. Os rituais não são públicos. Os praticantes formam grupos fechados e não gostam muito de observadores. Mas há relatos de gente a cantar, de mãos dadas sujas de sangue, à volta de pequenos altares.

Locais assombrados também são comuns. Claro que há muitas lendas à volta destas coisas, mas a verdade é que alguns eventos não são negados por ninguém, nem mesmo pelos historiadores.

Por exemplo, o antigo hospital de Sintra. O hospital funcionou até à década de 1980. “Nessa altura, quando houve umas obras para transformar o hospital numa clínica privada, os trabalhadores encontraram uma parede oca nas caves, junto à zona onde se faziam as radiografias. Deitaram a parede e o que encontraram fez toda a gente fugir…”, relatava há pouco tempo um jornal nacional. “Encontraram um bispo mumificado sentado num cadeirão”. Dizem que terá sido vítima de uma peste e foi emparedado para não contagiar ninguém.

antigo Hispital de Sintra

O Palácio Nacional tem duas grandes chaminés. Uma arquitetura estranha, de facto. Dizem que são um grande par de binóculos virado para o interior da Terra, que permite ver os mundos sobrenaturais. Essas chaminés estão na cozinha do palácio. Há quem oiça ali choros e gritos de crianças.

Palácio Nacional de Sintra

Foi nesse palácio que viveu o rei D. Afonso VI, aprisionado pelo próprio irmão que cobiçava o trono, D. Pedro. Afonso esteve ali preso durante nove anos, num quarto que hoje tem o seu nome. Viria a morrer em 1683, provavelmente devido a um envenenamento. O seu irmão apoderou-se do trono e tornou-se rei de Portugal, D. Pedro II. Ainda hoje, se diz que é possível sentir a raiva de D. Afonso VI, que morreu em sofrimento, naquele quarto do palácio. E há vários relatos de acidentes “inexplicáveis” com pessoas que se sentem mal, ou tropeçam, ou que se cortam em vidros, cenas que alegadamente acontecem devido às energias negativas do local.

Mas é um edifício muito antigo. Originalmente era um palácio muçulmano, conquistado por D. Afonso Henriques logo em 1147. Mesmo sem magias ou maldições, vale a pena ser visitado.

Na Quinta do Relógio dizem que a rainha D. Amélia, esposa de D. Carlos I (morto no regicídio de 1908), ainda aparece, quando a noite de lua cheia bate com o 31 de outubro. Foi naquela quinta que o casal real passou a noite de núpcias e a alma da rainha gostará de regressar ao local onde foi feliz.

Quinta do Relógio

A história da quinta é antiga de muitos séculos. A má fama do local já vem do tempo em que o trabalho rural era executado por escravos. Garantem que o rei D. Pedro V, chegou a recusar-se entrar na quinta, justificando que não entraria num local onde corria o sangue dos escravos inocentes. A fama ficou e todos dizem que há energias negativas no local, a quinta estará “assombrada” por essa memória da escravatura.

Uma lenda mais recente, conta-nos a história que assombra a Quinta dos Alfinetes. Trata-se de um local onde se celebravam habitualmente casamentos. Numa dessas festas, apareceu um pássaro degolado com um papel onde se lia a palavra “noivo”. Dois meses depois, o noivo morreu. Dizem que o espírito desse noivo permanece por ali.

Quinta dos Alfinetes

Nos dias que correm, parece que a principal assombração de Sintra mora no Largo Vergílio Horta, onde um velho político do tempo do Salazar é visto a entrar num palacete centenário, construído em cima da antiga ermida de São Sebastião.

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