Quatro dos 11 diretores demissionários na Global Media estiveram na Assembleia da República, chamados pela Comissão de Cultura para responderem a questões relacionadas com o que se passa naquele grupo de comunicação social: os problemas financeiros, as ameaças de despedimento coletivo, o risco de falência.
Pelo que ali se ouviu, há histórias que estão a ser mal contadas pelos novos administradores. Por exemplo, foi dito que o Jornal de Notícias continua a dar milhões de lucro, que o jornal O Jogo é autosustentável e que o site Dinheiro Vivo também não dá prejuizo.
O grupo mudou de mãos recentemente, passou a ser controlado pelo World Opportunity Fund, um fundo de investimento registado nas Bahamas e que não se sabe bem a quem pertence.
Não se percebe como é possível que novos acionistas tenham mudado de opinião em duas semanas, passando do anúncio de investimentos para os anúncios de despedimentos.
O que está a acontecer é típico da atuação de grupos capitalistas selvagens, aqueles que não respeitam direitos de trabalhadores nem reconhecem a validade do serviço público que as empresas de comunicação social têm obrigação de prestar.
Para os deputados, há dois mistérios que deveriam ser respondidos. O primeiro é a origem do World Opportunity Fund e o que os motivou para virem aqui comprar um grupo de media, e o segundo mistério é a escolha de José Paulo Fafe para a administração, dúvidas que estes quatro diretores não souberam esclarecer.
A empresa deve 7 milhões e meio de euros à segurança social. Permitir que este tipo de dívidas se acumulem é uma questão da responsabilidade política, que prejudica a sociedade em geral, principalmente aqueles que mais precisam de usufruir do SNS ou dos apoios da segurança social.