O país assiste atónito a uma operação policial, com a detenção de um titular de cargo publico, um autarca. Em simultâneo, à constituição de vários arguidos, entre eles o Presidente do Governo Regional da Madeira, à recolha e consolidação de informações com buscas a casas, escritórios e gabinetes por parte do Ministério Público, coadjuvado por inspectores da PJ e o apoio logístico da Força Aérea.
Tudo isto em período pré eleitoral. Uma longa temporada que vai dar para tudo, até ajustes de contas.
Já estávamos a braços com a “Operação Influencer”, a qual levou à demissão do ainda primeiro-ministro, por um parágrafo no comunicado da Procuradoria-Geral da República que levantava uma suspeita sobre ele.
Já estávamos com a pulga atrás da orelha com a denúncia sobre o processo fiscal e camarário que conduziu a reconstrução da mansão de Luís Montenegro.
Cai na comunicação social uma outra denúncia sobre negócios envolvendo a autarquia de Cascais com indícios de favorecimento na venda de um lote de terreno e construção de um hotel, que mais parece um edifício de apartamentos.
Um deputado saltimbanco muda de partido político, do PSD para o Chega, por lhe ter sido negado um lugar elegível nas listas da sua anterior agremiação. E logo de seguida é confrontado com o facto de ter recebido 75000€ de ajudas de custo de forma indevida.
Diz o nosso Chefe de Estado que os tempos da justiça não são os tempos da política. A mim cheira-me mais que a justiça meteu água ao meter-se na política, e anda agora a tentar mostrar que não faz escolhas políticas nem tem agendas, que não a verdade dos factos.
Entretanto aqueles que exigiam a António Costa a sua demissão, pugnando pela ética republicana e referências morais, são os mesmos que agora, travestidos de uma interpretação obtusa desses valores, se recusam a aceitar o mesmo caminho do primeiro-ministro e, pior ainda, desfazem-se em explicações inconsequentes.
No meio de tudo isto o populismo cresce e consolida-se. Temo que o Chega acabe por ser o verdadeiro vencedor das próximas eleições, duplicando o actual número de deputados.
Se a democracia não se regenera, quem vencerá a breve trecho são os seus inimigos.