Estranho título, à primeira vista, para identificar uma exposição de arte, como se a Arte pudesse ser veículo de terapia. Mas é verdade: cura! No caso vertente e em muitos semelhantes. Ou seja, dedicar-se à Pintura, à Escultura ou ao Desenho pode constituir ocupação susceptível de contribuir para se obter maior serenidade e, consequentemente, maior capacidade de travar o aparecimento do mal-estar.
Escreve no catálogo Jaime Silva, professor de Pintura, que tem acompanhado a ascensão de A. Santos Ramos, o pintor: A ideia «A Arte também cura» pretende evidenciar o quanto elas representaram no resgate em túneis de silêncio e de depressão e se tornaram em elementos libertadores e de prazer espiritual.
O excelente catálogo bilingue da mostra – a guardar! – apresenta textos de Jaime Silva, Fátima Geada, Mário Assis Ferreira e Pedro Lima de Carvalho, o curador da exposição. Aí se conta a história do pintor e, de modo especial, se assinala o facto de a convivência com a galeria de arte do Casino Estoril e seus mentores, assim como a pertença à Sociedade Nacional de Belas Artes lhe inocularam o vírus.
E o resultado aí está.
Uma exposição diferente, porque simbiose de tendências, desde o realismo dum autorretrato ao esquemático simbolismo das quatro estações em Bilbau e ao abstracionismo quase dolente das meias-tintas duma «Saudade».
Fugindo destes ismos, nem sempre capazes de serem reais, dir-se-á que há um elo de união entre todas as telas expostas: a clara vontade de passar para cada uma delas, de qualquer tamanho que seja, o pormenor que particularmente cativara a atenção, aspecto bem patente, por exemplo, na série «Dualidades».
Teve mui luzida afluência a sessão de abertura, ao final da tarde de sábado, 20. Estará patente na Galeria do Casino Estoril, diariamente, das 15 às 20 horas, até 12 de Fevereiro. Acesso livre.