Sempre que consegue vender um quadro, fica feliz. E quando recebe novidades sobre esse quadro, partilha com os outros.
Kaihan Hamidi pinta compulsivamente. Aguarelas suaves, às vezes sombrias, outras saudosas, luminosas, todas belas.
Kaihan chegou a Portugal, fugido do Afeganistão. Os que hoje mandam no Afeganistão não gostam de artistas, sejam eles músicos, pintores ou cineastas, poetas ou escultores. Não gostam de gente de livre pensamento, do traço irreverente, da transparência do canto, são ortodoxos do poder absoluto, do pensamento único, fascistas islâmicos iguaizinhos aos fascistas de qualquer outra religião.
Kaihan vive em Portugal, onde tem liberdade. Encontramo-nos no Nicola, no Rossio, e transacionámos uma obra de arte saída dos seus pinceis, da sua paleta de cores aguadas.
Naquilo que me parece ser a calçada de São Francisco, a caminho do Chiado, na sombra dos edifícios pombalinos sobe uma luz elétrica em direção à esperança por uma vida em dignidade.