O FIM DO JORNALISMO

É uma crise global que se sente mais no ocidente e que só não afeta os órgãos de comunicação social financiados ou subvencionados pelo Estado.

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Em todo o mundo, os jornais deixaram de ser impressos, mas os sites não conseguiram gerar receitas. Sem receitas suficientes da publicidade, com poucos assinantes dispostos a pagar para consumir informação, mesmo as empresas mais reputadas estão a despedir ou já fecharam, casos do BuzzFeed News, Vice e HuffPost, entre outros.

E se na América é assim, em Portugal é de chorar… As sucessivas ondas de despedimentos comprovam-no. Nos últimos 25 anos, muitas centenas de jornalistas foram despedidos, o que não evitou o encerramento de muitas empresas do setor.

A próxima onda a rebentar na praia vai ser a Global Media, mas já houve muitas outras. E esta não é a primeira crise. Houve uma outra, nos anos 80 e 90 do século XX, quando muitos jornais e revistas que surgiram a seguir à revolução de abril de 1974 acabaram falidos e a lançar centenas para o desemprego.

Hoje, assistimos a uma espécie de repetição dessa história. Os jornais estão sem leitores, as rádios e as televisões agonizam, incapazes de convencer as audiências que fugiram para as redes sociais a regressar. Com a diminuição das audiências, o preço da publicidade é cada vez mais baixo. Os anunciantes deixaram de ser o pilar financeiro da comunicação social, porque a publicidade que antes lhes custava uma fortuna, agora fazem-no baratucho nas redes sociais. Despedir tem sido a medida de gestão mais comum, mas não tem resolvido o problema.

Sem craques o jogo fica desinteressante, sem bons jornalistas não será possível recuperar a atenção do público. A migração para a internet foi vista como a salvação, mas como não havia modelo de negócio, as empresas não investiram. Os sites noticiosos repetem-se uns aos outros, raramente há verdadeiros exclusivos com interesse, quase não há reportagens. A mediocridade não convence ninguém e, por isso, o negócio baseado no acesso pago não tem vingado.

O desinteresse motivou o afastamento do público, as audiências estilhaçaram-se no caos esquizofrénico das redes sociais onde todos falam e ninguém ouve ninguém. Está tudo a mudar, não sabemos como vai ficar. Apenas sabemos que o jornalismo está a morrer.

A crise agudizou-se com a sensação de que a comunicação social está cada vez mais obediente aos políticos e aos patrões do sistema. As duas guerras do momento demonstram como as iniquidades da política comandam as editorias das redações. Há os invasores bons e os que não se podem tolerar, há os crimes de guerra de uns e o direito à defesa de outros, há as mentiras que são validadas e as verdades que são ignoradas.

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