A oposição diz que nada justifica a decisão de Umaro Sissoco Embaló, mas existem factos que não têm sido referidos que podem ajudar a perceber as razões do Presidente.
Primeiro facto é conhecido, o assalto da Guarda Nacional à Polícia Judiciária para libertar dois membros do Governo acusados de corrupção e uso indevido dos recursos financeiros do Estado. O segundo facto é menos conhecido, apesar de ter sido publicado nas redes sociais.
Trata-se de um apelo à revolta proferido por um destacado membro do PAIGC, emigrado em Londres.
No dia 1 de dezembro, Gervásio Silva Lopes, num direto para o Facebook que foi partilhado por milhares de pessoas, fez um apelo à revolta, encorajando os guineenses a irem para a rua e a tomar o poder.
Barricar ruas, assaltar os edifícios públicos, tomar conta do aeroporto, era a tática apontada por Gervásio, acreditando que ninguém dispara contra uma imensa multidão revoltada que ele acreditava ser possível mobilizar através do seu apelo.
Nos meios políticos guineenses, Gervásio é considerado como muito próximo de Domingos Simões Pereira, o líder do PAIGC e Presidente da Assembleia Nacional Popular agora dissolvida. As palavras de Gervásio não foram consideradas pela população, que não se revoltou, mas foram levadas à letra pelo Presidente Umaro que viu nelas a tentativa de golpe de estado que justificou a decisão de dissolver o parlamento, deitando abaixo um Governo com maioria parlamentar.
O discurso de Gervásio, provavelmente emitido desde Londres, a cidade onde ele vive, tem cerca de 9 minutos. Fica aqui um excerto do que ele disse.