O que se está a passar nas redes sociais é inadmissível. Os atos de censura a favor de Israel são uma intromissão inaceitável na liberdade de expressão e de opinião. O Governo português (na verdade, todos os governos) deviam colocar a Meta no lugar dela, acionar os tribunais contra essa empresa.
Não é novidade que a empresa sempre censurou. Mas, até aqui, era uma censura feita em nome de interesses genéricos, para preservar a segurança dos frequentadores do Facebook, Instagram ou Messenger. Imagens de nus não eram permitidas, nem mesmo de celebradas obras de arte. Agora, são evidentes os interesses políticos que motivam a censura.
Na página do Facebook do site Duas Linhas surgiu um aviso sobre “conteúdos sensíveis” ocultados. O vídeo ocultado não continha nenhum ato de violência. Era apenas uma manifestação. Uma manifestação de israelitas em Telavive que pediam a demissão do primeiro-ministro Netanyahu.
Há muitos casos de atos censórios. A página do Instagram ‘Palestina em Português’ foi suspensa sem que os seus gestores saibam do que está a ser acusada.
Os promotores desta página criaram uma outra, com o nome ‘Palestina.em.portugues’, e denunciam a censura de conteúdos pró-palestinianos.
Em comunicado, os gestores da página de Instagram “Palestina em Português” informam que esta foi suspensa pela Meta “por suposta Violação das Regras”.
Têm agora um prazo de 180 dias para recorrer da suspensão, caso contrário, a conta será permanentemente eliminada.
O problema destes recursos é que o processo não admite argumentação. Os lesados limitam-se a carregar num botão que diz “pedir revisão”. Os critérios que vão ser usados para apreciar esse pedido não são conhecidos.
Estamos perante uma espécie de ‘justiça privada’ exercida em causa própria por uma empresa. Não há nada mais injusto e ilegal. As redes sociais existem para os seus proprietários ganharem dinheiro com a promoção paga de conteúdos e com publicidade. Não existem para condicionar o pensamento nem as liberdades.
Recentemente, a organização Human Rights Watch divulgou um relatório sobre a sistemática censura da Meta a conteúdos relacionados com a Palestina. No Canadá, por exemplo, a página ‘Eye on Palestine’ (com os olhos na Palestina) tem sido sucessivamente censurada.
Estes tipos estão a dar cabo da democracia, não é possível ficarmos a ver sem fazer nada para os contrariar.