EXTRAIR MINÉRIO A 4 MIL METROS DE PROFUNDIDADE

Os ambientalistas iniciaram uma campanha urgente para combater as intenções do Governo da Noruega que pretende dar início à mineração no fundo dos oceanos

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Ilustração de uma máquina de mineração em águas profundas em busca de minerais no fundo do oceano© Jack Cowley / Greenpeace

Depois de dizimar florestas e ecossistemas, depois de poluir o ar e o mar, agora o bicho-homem-malvado quer abrir buracos imensos no fundo dos mares, para extrair minérios. Na verdade, já o fazemos com a extração de petróleo e gás. Mas uma mina de carvão no fundo dos oceanos é capaz de ser pior do que um furo de exploração de hidrocarbonetos.

Há muitos países que esperam uma oportunidade, Portugal será um deles, mas o Governo da Noruega quer ser o primeiro. As razões avançadas para tal prendem-se com a necessidade de atender à “necessidade desesperada de mais minerais e materiais de terras-raras para viabilizar a transição energética”. Isto é, para descarbonizar vamos dar cabo dos oceanos.

Segundo o alerta lançado pelas organizações ambientalistas, um pouco por todo o mundo, a decisão final será votada no parlamento norueguês antes do final do ano. Ou seja, faltam poucas semanas.

A urgência justifica o lançamento de uma petição internacional (ver neste link), numa tentativa de pressionar os dirigentes políticos noruegueses e fazer com que a proposta seja chumbada.

Há muita gente a protestar, não apenas ambientalistas. Por exemplo, as empresas de pesca da Noruega e de países que pescam nas águas do Atlântico Norte protestam, com medo de verem o peixe desaparecer, a Rússia, Reino Unido e União Europeia protestam, porque dizem que a Noruega quer apoderar-se de uma área marítima que não lhe pertence. Mas o Governo norueguês tem insistido na ideia e, agora, será o parlamento a decidir.

A cor de rosa, a área que a Noruega pretende afetar à mineração em águas profundas é equivalente á área da Alemanha

O foco inicial das empresas mineiras norueguesas está a 4 mil metros de profundidade, em fontes hidrotermais vulcânicas, “portas de entrada” para reservas de cobre avaliadas em 38 milhões de toneladas.

O CASO PORTUGUÊS

Portugal é daqueles países que espera para ver o que acontece, nomeadamente no acesso às tecnologias que permitam explorar o fundo dos oceanos. Por enquanto, Portugal fez aquilo a que podemos chamar de “registo de propriedade”, delimitando a área marítima que reivindica como sua.

mar português, englobando Zona Económica Exclusiva e respetiva extensão da plataforma continental

E não é pouca coisa. A Zona económica exclusiva de Portugal é a 3.ª maior da União Europeia e uma das 20 maiores em todo o mundo. Para já, o país não tem meios de governar tanto mar e tanto fundo do mar. E tanto mar vai trazer litígios, inevitavelmente. Mesmo os que hoje são ‘nossos amigos’ tornar-se-ão adversários se houver uma oportunidade para disputar riquezas no mar português. Para já, temos o exemplo da Espanha com a disputa sobre as ilhas Selvagens, uns rochedos desabitados perdidos no meio do mar, mas que dão direito a reclamar uma área imensa de fundo oceânico. E Marrocos ainda não falou.

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