A primeira paragem foi perto da fábrica de Caju São Francisco da Floresta. A razão da paragem foi procurar um pneu sobressalente, mas na verdade foi a minha oportunidade de visitar uma fábrica de caju e de perceber um pouco o processo.
São Francisco é uma pequena plantação de cerca de 160 hectares, que produz 80 toneladas de caju, processadas na totalidade nesta fábrica que tem cerca de 80 trabalhadores. A confiar nestes números, cada hectare produz cerca de meia tonelada e cada trabalhador processa 1 tonelada por época. Não sei apreciar estes números.
Todo, ou quase todo, o caju aqui processado é destinado à exportação para Itália e é de alta qualidade. Isto sei apreciar, provei lá na fábrica e trouxe algum, pouco, comigo.
A segunda paragem foi em Guiledje, onde existe um pequeno museu comemorativo da vitória do PAIGC no âmbito da grande ofensiva militar e política designada “Operação Amílcar Cabral”. Amílcar Cabral tinha sido assassinado meses antes.
Corria o mês de maio de 1973 e este foi o primeiro quartel português sob fogo do PAIGC a ser abandonado pela tropa portuguesa. E é mesmo nas instalações do antigo quartel que funciona o museu. Infelizmente estava fechado e o guia não estava por perto, mas tive oportunidade de me sentar na mítica “estrela”.
Pelo que investiguei depois, foi a arma que mudou o curso da guerra na Guiné. Desta máquina se lançavam os misseis terra-ar Strela-2M de fabrico soviético que causaram as primeiras baixas de aviões na Guiné, o abate de dois caças Fiat G.91 da Força Aérea Portuguesa. Até aí a força aérea era o grande trunfo dos portugueses na Guiné.
A queda de Guiledje foi determinante para a independência da Guiné-Bissau e contribuiu para a queda do regime ditatorial de Marcelo Caetano, menos de um ano depois. Guiledje foi o princípio do fim do Império colonial português.