Poilão é uma ilha tropical, com uma floresta sagrada para o povo Bijagós. É uma ilha desabitada, cheia de lixo urbano. As correntes marítimas trazem para a praia montanhas de lixo. Como não há ninguém para apanhar esse lixo, ele amontoa-se.
Durante a época da desova das tartarugas, a ilha tem em permanência uma equipa de guardas do parque. Não só evitam que as tartarugas sejam alvo de caçadores, como ajudam as crias quando nascem a encontrar em segurança o caminho até ao mar e, só nessa altura, há alguém que retira o lixo das praias. Outra tarefa é servir de guia a algum turista que por aqui venha. Disseram-nos que poucos turistas aparecem por aqui, nunca mais de 300 por ano.
O lixo é um problema para as tartarugas, especialmente os pedaços de plástico que flutuam na água. As tartarugas confundem o plástico com medusas (que é o seu alimento preferido) e muitas acabam por morrer asfixiadas. Nas praias, o lixo (além do plástico, há latas, chinelos de borracha, embalagens, etc) cria obstáculos que atrapalham a caminhada das pequenas crias acabadas de nascer. Se as tartarugas pequeninas não chegam ao mar, tornam-se presas fáceis para predadores, especialmente aves marinhas.
Logo na primeira caminhada pela praia, vimos e ajudámos algumas tartaruguinhas bebés a ultrapassar esses obstáculos. O resto do dia foi passado connosco na água quente do mar ou à “sombra da bananeira” a tomar umas surpreendentes caipirinhas.
Na madrugada seguinte, nova caminhada. Por volta da 1 da manhã, com a lanterna de luz vermelha, que perturba menos as tartarugas, partimos à “caça ao tesouro”. E o que vimos foi fabuloso: uma tartaruga a desovar! Os ovos caiam a um ritmo certo … e numa só postura as tartarugas podem pôr mais de 200. É fabuloso!
De manhã, antes de sairmos da ilha, demos uma ajuda a alguns elementos da equipa do parque que recolhiam tartarugas bebés. Ajudámos a colocá-las num balde (para as proteger de umas aves que aquela hora procuravam alimento) e só depois tivemos oportunidade de as colocar na água.
Desejei a todas boa viagem e que voltassem daqui a cerca de 25 anos, altura em que atingem a maturidade, para por os ovos. É que elas voltam ao local onde nasceram para desovar!