ALGÉS, depois do susto

Após a chuva, o bom tempo serviu de bom augúrio para a concentração convocada pela Rede Desafiar Oeiras e a Associação de Moradores de Miraflores, marcada para as onze da manhã de sábado, 2 de Dezembro, para o Largo Augusto Madureira, em Algés.

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Um enorme buraco na rua, fruto das recentes chuvas fortes, obrigou a obras de reparação que ainda decorrem, e alertou muitas pessoas que se dizem receosas com o que ainda pode acontecer. Na memória, os acontecimentos do ano passado, em que as fortíssimas chuvas fizeram uma vítima mortal e vários estragos avultados.

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Aos poucos, foram-se juntando várias pessoas, algumas com cartazes feitos à mão. Uma mulher que passava perto e observou a ainda modesta quantidade de pessoas fez o comentário de que eram “meia dúzia de caga tacos” (estou a citar). O tempo provou a esta cidadã, quiçá desiludida da participação cívica, que nem por isso. Em meia hora, duas estações televisivas foram fazer reportagem, e juntou-se mais de meia centena de pessoas, enquanto seis agentes da PSP ao longe faziam a sua discreta vigilância.

Uma das primeiras intervenientes, Helena Abreu, invocou a morte da cidadã que residia numa das caves inundadas, classificando-a de “uma morte perfeitamente estúpida”, e questionou o que fazia a Protecção Civil.

Pedro Fonseca, morador em Miraflores, tomou o microfone para criticar o empreendimento Parque dos Cisnes em Miraflores, que considera estar com muitas irregularidades. Afirmou ainda que alertou o município, dado que entende que o projecto vai contra diversas regras camarárias. Segundo ele, projectos como este podem ser a causa para o aparecimento de crateras como aquela que está agora a ser reparada. O caneiro que contém a ribeira, lembrou, tem cerca de 70 anos, ao longo dos quais se construiu na zona, e defendeu que até o caneiro estar arranjado não se deveria permitir mais construção. Apelou ao refrear da impermeabilização do solo, opinando que as medidas paliativas não vão ser suficientes. Pediu ainda a que fosse dada visibilidade de todas as formas possíveis a esta questão, para chamar a atenção às entidades competentes: a Agência Portuguesa do Ambiente, a autarquia e o Governo.

A seguir desfilaram mais intervenientes (incluindo representantes de um partido político e de movimentos cívicos, bem como um engenheiro hidráulico), que sublinharam ser este um problema crónico. Não faltaram críticas a alguns episódios ocorridos em assembleias municipais em que os membros da autarquia terão reagido de forma menos cordial quando questionados sobre vários aspectos desta problemática. Foi dito, ainda, que é necessário passar à ação concreta a longo prazo bem como mais iniciativas como esta concentração, para evitar a repetição de situações como as cheias de Dezembro de 2022. Chegou a ser mencionado o envio de propostas alternativas à autarquia. Em linguagem futebolística, a bola está agora do lado da Câmara Municipal de Oeiras.

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