A proposta da Junta fora bem aceite pelo Executivo municipal e a cerimónia contou com a presença de muitos amigos e de representantes de várias entidades, nomeadamente da Estoril-Sol, a que o homenageado também esteve ligado. Intervieram nos discursos o Presidente da Junta de Freguesia, Dr. Pedro Morais Soares; pela família, o filho mais velho (emocionado, porque seu pai comemoraria nesta data 85 anos); e encerrou o presidente do Município.
Regozijo, porque assim se homenageou uma figura bem presente no quotidiano da vila cascalense, que, como barbeiro, serviu gerações, durante seis décadas.
Carlos Carreiras, presidente da Câmara, não deixou de o salientar na sua página do Facebook: «Cascais prestou homenagem, esta terça-feira, ao mais internacional dos seus barbeiros. Joaquim Inácio Pica (1938-2022), conhecido por todos como Sr. Pica, exerceu o seu ofício em Cascais, por quase seis décadas. Pela sua cadeira de barbeiro passaram gerações de cascalenses, mas também destacadas figuras mundiais da Cultura, Cinema, Música e Desporto, estadistas e políticos e até mesmo a realeza europeia que nestas paragens procurou exílios. Grace Kelly, Liza Minelli, Vinícius de Moraes, Duke Ellington e pilotos da Fórmula um, como Nelson Piquet, eram seus fiéis clientes no antigo Hotel Cidadela e, posteriormente, no Estoril-Sol onde teve barbearia e conquistou a estima e amizade de Marcelo Rebelo de Sousa, entre outros políticos de todos os quadrantes partidários e de estadistas como o antigo presidente do Zaire, Mobutu Sese Seko. Este último, por vezes enviava o seu jato particular para vir buscar o discreto barbeiro, quando precisava dos seus serviços».
Regozijo, portanto.
Ficará, pois, mal falar de apreensão; mas importa falar.
A galinha dos ovos de oiro
A rotunda agora baptizada fica na saída da A5 e daí divergem arruamentos em todas as direcções. Chamava-se a essa zona o «Mato Romão». Durante anos, temos estado a lutar pela preservação dessa zona de mato, importante (a nosso ver) como nicho ecológico e, sobretudo, como bacia de retenção das águas pluviais e salvaguarda de cheias para sul.
Lutámos, por exemplo, quando para ali se pensou na construção duma «Cidade do Cinema», como que para ressuscitar o projecto do arquitecto Cassiano Branco de erguer, em Cascais, a Cidade do Cinema Português, conforme pode ver-se na documentação (desenho cartonado e um negativo fotográfico) existente no Arquivo Municipal de Lisboa (Cota: VIII – O.P. 29 E 40 A 49). Ganhámos essa luta.
Quis-se, depois, fazer chegar a autoestrada até à Areia. Resistiu-se, resistiu-se e… ganhou-se! E a A5 ficou-se pela Aldeia de Juso, mas em jeito de polvo, pois das duas rotundas há tentáculos muitos em todas as direcções.
O nosso voto: que o bom senso predomine e se comece a olhar para aí e, já agora, também para o pinhal entre a Pampilheira e Birre – já cheio de moradias; para os terrenos e pinhais entre Birre e a Marinha – já cheios de moradias; para a zona oriental da Marinha, junto à estrada que, da Bicuda vai para a Areia – a impar de moradias.
E depois há o abastecimento de água, o aumento do consumo eléctrico, o peso sobre os coletores de esgotos…
É Cascais galinha dos ovos de oiro. Mas vinda bem lá da antiquíssima Grécia, pela perspicácia de Esopo, a fábula tem uma moral!…
Um texto muito oportuno.
Em primeiro lugar toda a gente devia ter em vida alguns privilégios de que o Sr. Pica desfrutou: ir de jacto particular para longe, não seria coisa pouca. E o brilho da sua clientela também devia ser estimulante.
As homenagens fazem-se em vida. Postumamente não servem os interessados.
Até a contemplação de nomes de personalidades vivas na toponímia dos concelhos, teria mais cabimento do que repetir seis vezes o mesmo nome de alguém que já faleceu. É o caso de Eça de Queirós.
Conforme me disse um taxista induzido em erro, ou presumindo erradamente uma, quando era outra, há no concelho de Cascais cinco ou seis ruas com este nome. Falta de originalidade, ou de empenhamento na procura de “candidatos” com mérito?
Em relação aos espaços que vão sendo conquistados pelo betão, é um caso verdadeiramente grave, um atentado contra o ambiente e sua degradação. Os activistas desta área não parecem conseguir ganhar essa guerra contra os interesses imobiliários. Por isso louvo este texto e digo que todos devíamos ser ambientalistas. Por nós e pelas gerações futuras, até daqueles que hoje só estão interessados nos lucros.