O POVO GOSTA DE CANTAR

Realizou-se, ao final da tarde de domingo, 19, no Auditório de S. Vicente, em Alcabideche, o X Encontro de Música Popular Portuguesa. Uma iniciativa singular do grupo Cantares da Terra, de Cascais.

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Dir-se-á: mais um encontrozinho, umas musiquinhas e pronto! De facto, não é bem assim. Primeiro, porque atingir o nº 10 – só com as interrupções motivadas pela epidemia – é digno de realce. Depois, porque, além do grupo Cantares da Terra, há sempre um grupo convidado. Finalmente, porque, se há números do reportório do grupo que, devido ao seu êxito, se mantêm e, por isso, se apresentam, há, todos os anos, renovação.

E, nesse aspecto, é de muito louvar não apenas o trabalho de conjunto mas, de modo especial, o aportado gosto musical e o talento de Marta Garrido, que sempre nos surpreende com novos arranjos. Uma cancão popular alentejana, por exemplo, ganha com os Cantares da Terra novo balanço e as vozes masculinas melodiosamente se casam com as femininas e o todo sai envolvido pelo harmonioso som dos instrumentos de corda e sublinhado, a contento, pelo acordeão que Marta Garrido domina a seu bel-prazer.

Marta Garrido

Foi, pois, bem agradável fim de tarde a que o público (que encheu o auditório) correspondeu alegremente.

Desta feita, o grupo convidado foi o Grupo Musical “Somos do Alentejo”, de Santiago do Cacém. Sempre o Alentejo a dar cartas, com o seu cante e outras modas tradicionais.

O grupo Somos do Alentejo

Dirigido por Manuel João Chuva, que bem vai mantendo o ritmo no seu cajón – que o mesmo é dizer, «caixote» ou «caixa de ressonância», instrumento que o governo peruano considera “Património Cultural da Nação” –, o grupo cascalense Cantares da Terra tem, neste momento, os seguintes elementos: João Gomes (bandolim e voz), João Adónis (viola/voz), Alexandre Alves (cavaquinho e voz), Vasco Torrete (viola acústica) José Rodrigues (viola baixo). Embora os homens também intervenham no canto, são as senhoras que, nesse âmbito, mais se evidenciam: as contraltos Maria Chuva e Beatriz Santos; as sopranos Sónia Alves e Mafalda Duarte. Permita-se-me relevar: a mezzo soprano Madalena Santos, que, além do mais, faz as apresentações; a já referida Marta Garrido, exímia no dedilhar do acordeão. E, para que tudo corra da melhor forma, aí está o talento de Paulo Músico Salgueiro, técnico de som.

O grupo Cantares da Terra

Um senão apenas: é pouco uma vez por ano! Nós gostaríamos de os ouvir mais vezes. Bem sabemos que há as digressões por esse país fora; que todos são amadores ocupados no ofício donde lhes vem quanto precisam para viver; mas se as entidades locais também mais se interessassem, decerto não dariam por mal gasto o seu empenho. Não é somente a música erudita que conta; o Povo também gosta de cantar!

1 COMENTÁRIO

  1. Muita gente não conhece este grupo musical de Cascais, coisa que se conseguirá resolver numa próxima oportunidade.
    O problema é que, de facto, se essa oportunidade só tem lugar daqui a um ano, pode ser tarde para alguns…
    Julgava ainda que, com soprano, contralto e mezzo soprano, houvesse música clássica a par de outros géneros mais populares.
    O povo gosta de cantar, é verdade, e nas mais variadas situações. Até nos momentos de tristeza e solidão, uma canção, um fado, ou o acompanhamento de um solo instrumental em surdina, pode embalar as horas e fazer adormecer a dor.
    Sendo assim, se houver forma de conciliar as profissões de cada elemento com mais actuações, pois que se chegue a um acordo e lá irei conhecer mais cedo o grupo Cantares da Terra.
    Um abraço. Grata pelo texto e por toda a informação.

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