O que pensará um piloto militar quando pressiona o botão para disparar os mísseis que o avião transporta? Será que quando regressa à base, ou no dia seguinte, vê as imagens dos mortos, das crianças estropiadas, das casas destruídas? Será que dorme de consciência tranquila?
Os ataques aéreos israelitas a bairros residenciais no sul de Gaza mataram, pelo menos, 47 pessoas no sábado, segundo a ONU.
Israel prometeu aniquilar o Hamas, após o ataque a Israel, em 7 de outubro, no qual morreram 1.200 israelitas. Há ainda os cerca de 230 reféns que o Hamas levou para Gaza e que ainda não foram resgatados.
Desde então, Israel bombardeou grande parte da Cidade de Gaza – o coração urbano do enclave – ordenando a saída de civis no norte e deslocando cerca de dois terços da população de Gaza de 2,3 milhões de habitantes.
1 milhão e meio de pessoas abandonaram a cidade de Gaza, acreditando que estariam a salvo no sul do território, conforme disseram as autoridades militares israelitas. Mas, agora, estão a bombardear sistematicamente o sul da Faixa de Gaza. As pessoas não têm para onde fugir.
As imagens dos cadáveres amortalhados vítimas do bombardeamento a uma escola da ONU, onde se tinham refugiado, dizem tudo sobre a frieza dos combatentes. Com o argumento de perseguir o Hamas, os soldados israelitas matam civis, homens, mulheres e crianças. Os números são avassaladores: 12.300 mortos, incluindo 5.000 crianças. As Nações Unidas corroboram este balanço trágico.
Do outro lado da balança, Israel reconhece a morte de 57 soldados, desde que teve início a retaliação contra o Hamas.
A grande maioria das vítimas palestinianas não tem nada a ver com o Hamas. E, no entanto, são mortas sem piedade, sem nenhuma razão aparente a não ser por serem palestinianas. A vingança israelita não é justa, por ser desproporcional. A retaliação israelita, nos termos em que está a ser executada, é um crime que tem de ser julgado.
Israel faz o que faz porque tem o apoio militar dos EUA e político da UE. E porque enfrenta um inimigo mil vezes mais fraco e sem aliados. Os palestinianos sempre estiveram sozinhos, na luta contra quem ocupou a terra onde viviam.