Não foi festa premeditada, mas acabou por ser, na verdade, quase uma tertúlia das mais variadas concepções de fazer Arte e de nos transmitir Beleza. Esteve, de facto, invulgarmente concorrida a abertura, ao final da tarde de sábado, 4, da 37ª edição do Salão de Outono.

37 edições anuais é mesmo muita edição! Quis, pois, o director da galeria do Casino Estoril, Pedro Lima de Carvalho, anunciar a mostra com mui primoroso catálogo outonal, a merecer encómios.
Depois, passa-se de escultura em escultura, de tela em tela e a diversidade encanta, ainda que algumas das peças expostas já venham de outras ocasiões, dado que pertencem ao acervo que a própria galeria foi guardando.
Tocou-nos o inusitado fósforo, de Filipa Antunes, chama multicolorida de que precisados andamos, ao não vislumbrarmos a cada vez mais longínqua luz ao fundo do túnel do caos em que as nações andam mergulhadas.

Gostaríamos que nos invadisse a serenidade deitada que emana do corpo pintalgado que Gustavo Fernandes nos quis mostrar.

Preferiríamos não ver enjaulada a rosa que Carlos Ramos prendeu – que o encanto das flores merece espairecer.

Surpreende-nos o requinte tridimensional dos desenhos de João Feijó.

Continuam a seduzir-se as suaves aguarelas de Paulo Ossião: a visão de uma Lisboa de casario, como se não estivesse povoada já, a todas as horas, de alienígenas turbas curiosas.

E Daniela Anghel deixou, por ora, as suas imagens imponentes e preferiu mostrar-nos, tímida, uma jovem de outrora a espreitar por detrás duma floresta iluminada…

E há mais, muito mais! Rol imenso de sensações – a postular uma visita pausada, porque, ali, durante este mês de Novembro, na semipenumbra da sala, até apetece estar.
