As sanções económicas do ocidente destinadas a ferir a Rússia, obrigaram a criar novos canais comerciais para os produtos russos. Virada para a Ásia, a Rússia aumentou as trocas comerciais com a maioria dos países asiáticos, principalmente a China e a Índia.
Em simultâneo, Moscovo tentou criar novos balanços políticos e económicos com o grupo dos países BRICS que, além da China e Índia, engloba o Brasil e a África do Sul. Estes 4 países, mais a Rússia, ensaiaram ações de oposição à hegemonia do dólar norte-americano nas trocas comerciais mundiais, à dominância global militar dos EUA, à influência política ocidental.
Curiosamente, o confronto mais difícil está mesmo a ser na área económica. A guerra na Ucrânia está empatada, a influência política do ocidente está a ser contrariada com algum sucesso, pelo menos em África, mas as trocas comerciais sem o recurso ao dólar estão a ser uma dor de cabeça para o Governo da Rússia.
Por exemplo, o petróleo que dantes era diretamente vendido à Europa, agora está a ser vendido à Índia. A Índia paga em rupias, a sua moeda. Mas a Rússia não consegue comprar nada com rupias fora da Índia. Ou seja, é um mau negócio.
Para minorar o prejuízo, a Rússia passou a querer que a Índia pague em yuan, a moeda da China. Enquanto a Rússia compra pouco à Índia, já a China passou a ser a principal fonte das importações russas. Acontece que a Índia não quer favorecer a economia do seu principal rival regional que é, precisamente, a China.
A alternativa tem sido, então, a Rússia aceitar pagamentos não só em rupias e yuan, mas também em dirham dos Emiratos Árabes Unidos (moeda agregada ao dólar dos EUA) e, ainda, em dólares de Hong-Kong.
Como 60% do petróleo russo está a ser vendido à Índia, os cofres da Rússia estão a ficar cheios de uma variedade de moedas, em vez de apenas dólares norte-americanos ou euros. O que parece ser uma contrariedade, pode acabar por ser uma vantagem, se a Rússia conseguir mesmo instituir uma nova ordem mundial para o comércio internacional. Se o conseguir, acabará por ganhar a guerra na Ucrânia.