São jovens e são revolucionários, em pensamento e em ações. Inspiram-se em movimentos sociais semelhantes que surgiram um pouco por toda a Europa. Algumas ações são idênticas às performances reivindicativas do movimento inglês Just Stop Oil, por exemplo.
Partem vidros de fachadas de empresas que enriquecem à custa da degradação ambiental, cortam estradas para chamar a atenção para a poluição ambiental, juntam-se a manifestações pela defesa de espaços verdes, mas também lutam pelo direito à habitação, pela liberdade de expressão, contra o racismo. É malta que luta, que não fica no sofá.
Tanta irreverência paga-se. São detidos, levados a julgamento e condenados. Assumem que é um preço a pagar. “Ações pacíficas pela proteção da vida e pela luta por justiça social são condenadas. Temos a tranquilidade de saber que não é um crime lutar pela vida. Quem está a atacar, matar e destruir tudo o que amamos tem de ser travado”, dizem os ativistas da Climáximo.
Argumentam que as Nações Unidas alertam para a urgência climática em que o mundo já mergulhou e que a Organização Mundial de Saúde garante que milhares de pessoas morrem, todos os dias, devido a questões ambientais. Lembram que as cimeiras mundiais do clima começaram já há mais de 40 anos, numa manifestação de inutilidade absoluta, porque nada foi feito para impedir o estado a que chegámos. Cansados de protestos bem-comportados, radicalizaram-se. Começaram a partir vidros e a borrar pinturas (que nunca são as originais que estão patentes ao público).
Mais uma vez, ações semelhantes são executadas em diferentes países. “Jovens têm-se manifestado em Lisboa e um pouco por toda a Europa. Já não recorrem às antigas manifestações multitudinárias que se têm demonstrado para este efeito pouco eficazes”, dizem. E de quem será a culpa por não terem sido escutados, enquanto se portaram bem?
“Para quebrar a falsa sensação de paz, é preciso quebrar a normalidade”, lê-se nas redes sociais da Climáximo. Quando partem um vidro, remetem-nos para o exemplo dado pelas sufragistas norte-americanas “que quebraram múltiplos vidros até conquistarem o voto.”
Escolheram um caminho difícil. Quando o Estado se sente ameaçado, por vezes apenas desafiado, aciona todos os meios ao dispor para repor a ordem. Há dias, 12 apoiantes do Climáximo estavam reunidos num jardim, quando foram abordados por polícias à paisana, levados para a esquadra para serem identificados, de onde só saíram passadas 5 horas. Foi um sinal de intimidação.
“Todos os momentos de crise necessitaram de desobediência assertiva”, dizem. Sem medo.