FUGIRAM À TROPA

Não queriam combater na Ucrânia e fugiram. Três russos vivem há mais de um ano na zona de trânsito do aeroporto internacional Incheon, na Coreia do Sul. Chegaram ali em outubro de 2022. Esta história vem hoje publicada no jornal Korea Times.

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Fugiram da mobilização decretada pelo governo russo, pensaram que seria fácil obter asilo político num país alinhado com as orientações dos EUA, mas não foi assim. O Ministério da Justiça da Coreia do Sul rejeitou os pedidos, alegando que uma simples evasão ao serviço militar não constitui motivo para o estatuto de refugiado.

São alimentados, utilizam os sanitários da zona internacional do aeroporto, mas não podem sair dali. A opção de voltar para a Rússia tem sido evitada, porque teriam de enfrentar tribunais e a mobilização militar.

A longa permanência destes três refratários russos chamou agora a atenção da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Coreia (NHRCK), que decidiu apoiá-los juridicamente nos processos de pedido de asilo. Esta comissão recomendou que as autoridades aeroportuárias proporcionassem um espaço digno de habitabilidade para os russos enquanto permanecerem nas instalações aeroportuárias.

Estas três pessoas dormem no chão, num espaço ruidoso e permanentemente ocupado por viajantes que chegam e partem, o ambiente normal de qualquer aeroporto, sendo que Incheon é o maior aeroporto da Coreia do Sul e um dos mais movimentados do mundo.

DESERTORES E REFRATÁRIOS PORTUGUESES

Em todas as guerras, há sempre quem recuse a mobilização ou opte por desertar em vez de combater. É um direito legítimo, à luz dos direitos humanos, mas pode configurar crime face a legislações nacionais.

Por exemplo, durante os anos em que Portugal enfrentou três guerras coloniais, Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, houve mais de oito mil deserções das forças armadas portuguesas, entre 1961 e 1973. Os refratários (os que fugiam antes de serem incorporados) foram muitos mais. Dados divulgados em 1985 pelo Estado-Maior do Exército indicam que cerca de 200 mil jovens terão abandonado o país, antes da inspeção médica que precedia a incorporação militar.

Nessa época, tanto desertores como refratários eram classificados como infratores à lei e perseguidos como tal. Depois da revolução de abril de 1974, com a queda do regime e as independências das colónias africanas, os que antes foram perseguidos passaram a ser louvados, algumas histórias de deserção ou de fuga à tropa foram divulgadas como exemplos da luta antifascista de resistência contra a ditadura de Salazar e Caetano.

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