Quando recuperou do choque, Israel começou a retaliar. Cercou Gaza, cortou água, alimentos e energia. Mas, na verdade, embora numa escala menos impiedosa, já é o que acontece há décadas em Gaza.
Desde 1948, quando Israel declarou a independência, Gaza é um imenso campo de refugiados palestinianos expulsos das suas casas e das suas terras. Em 1948 eram cerca de 130 mil. Hoje são mais de 2 milhões de pessoas a viver num dos territórios mais densamente povoados do mundo.
Gaza tem uma dimensão equivalente a menos de metade da ilha da Madeira. Não tem dimensão para resistir aos ataques de artilharia do exército israelita, mas é um local dificílimo de ocupar, perante resistência armada de guerrilha urbana.
A maioria das pessoas em Gaza vive na pobreza. De acordo com o Programa Alimentar Mundial, 63% já estavam em situação de insegurança alimentar. O “bloqueio total” imposto por Israel esta semana ameaça a sobrevivência de velhos e crianças. O corte de energia impede que os hospitais funcionem, embora o principal alvo seja impedir que os telemóveis possam ser carregados facilmente, de modo a complicar a comunicação entre guerrilheiros e, também, impedir a divulgação de imagens chocantes sobre a mortandade que por lá vai. E ainda não começou a invasão terrestre.