Os médicos da área da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo estão em greve, hoje e amanhã. O protesto foi marcado pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
“Não é aceitável um aumento de 1,6%. Não há, sequer, uma perspetiva de que se consiga fazer um acordo. Os médicos estão exaustos, estão cansados, há 12 anos que não são aumentados”, dizem os sindicalistas.
Quem esta manhã teve de ir ao Hospital Beatriz Ângelo, por exemplo, deparou-se logo à entrada com uma bateria de repórteres televisivos que entrevistavam à vez dirigentes sindicais, representantes da Ordem e utentes, de preferência que estivessem “muito indignados”, como dizia um desses repórteres ao telemóvel com quem estava a coordenar o serviço do seu canal.
A indignação dos utentes é mais do que justificada. Muitos vivem longe deste hospital que serve vários concelhos a norte de Lisboa. Conversámos com uma senhora que se deslocou desde Sobral de Monte Agraço até Loures para um exame que não aconteceu. “Agora quem me paga o combustível?”, perguntava sabendo bem qual a resposta.
Com esta greve, os principais lesados são os utentes, é evidente. Não se realizam consultas externas, não se realizam exames, tipo tomografias ou ressonâncias, que exijam a presença de um médico.
As remarcações sucediam-se em catadupa. “Só temos vaga para o final de outubro”, ia avisando a funcionária do guichet.
O que querem os médicos? Mais dinheiro ao fim do mês. Ganham mal, os médicos? Eles pensam que sim. Mas é tudo relativo, depende de quem responde a essa questão.
Em segundo plano, o Governo também fica prejudicado. É a imagem dos governantes que se desgasta numa opinião pública cada vez mais acicatada para o protesto. São intenções de voto que se desviam para outros partidos.