Esta é uma procissão diferente. A imagem de Nossa Senhora sai da Igreja de Nossa Senhora da Assunção e é levada em ombros até ao cais onde embarca para um passeio marítimo. A procissão tem esse encanto de estar ligada ao mar, tem origem na crença de que, assim, os deuses protegem os pescadores e os barcos de pesca.
Em frente ao Farol da Guia, são lançadas à água ramos de flores. Os barcos voltam ao cais e a imagem regressa ao recato do templo onde a guardam.
Como tradição e ritual religioso, é um costume folclórico interessante. De tal modo que, este ano, passou a integrar o Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial da Direção-Geral do Património Cultural.
A procissão chama sempre a atenção de um bom número de pessoas. Este ano estiveram lá, a participar e a ver, algumas centenas de populares. Onde há povo e festarola, o poder político gosta de se integrar. Pensam eles que fica sempre bem na fotografia, ver um autarca a carregar o “sombrero” do padre. Mas talvez não fosse necessário demonstrar devoção, que nem sabemos se é sincera e que deveria ficar no recato da consciência quando se desempenham cargos políticos. Pela Constituição da República, Portugal é um Estado laico. Quando um político participa num ritual religioso, entra em conflito com a laicidade do Estado e com os sentimentos dos cidadãos de outros credos ou de nenhum credo.
Neste caso, Carreiras podia ter lá estado, podia ter acompanhado o ritual, mas não devia ter participado nele. Comparando com outra manifestação de maior relevo social, quando ele vai ao futebol, não joga, só assiste.