A política não devia ser fingimento, mas é nesse patamar que estamos. Marcelo, um dos mestres da arte do fingimento, mostra-se crítico ao dizer que os partidos políticos já estão em campanha eleitoral, por causa das europeias daqui a uns 9 meses. Mas Marcelo sabe bem que os partidos estão sempre em campanha, mesmo sem eleições no horizonte. No tempo em que dirigiu o PSD não foi diferente.
Esse estado permanente de guerrilha política é um dos fatores que tem minado a democracia portuguesa. Não se aguenta ouvi-los dizer uma coisa e o seu contrário, no minuto seguinte, se for preciso.
MONTENEGRO FINGE ESQUECIMENTO
Ainda agora, Montenegro finge estar esquecido do desastre social que o seu partido político provocou na última vez que esteve no Governo: cortes nas pensões, cortes nos salários, congelamento de carreiras profissionais, aumento de impostos. Sempre contra as próprias promessas eleitorais, sempre mais do que a própria Troika aconselhava, na ânsia de Passos Coelho ficar bem na fotografia ao lado de Merkel. De pouco lhe serviu, teve de se socorrer de amigos para ter um emprego de jeito. O esquecimento de Montenegro é uma tentativa de branquear esse passado obscuro. E dá-lhe jeito para vir dizer que o atual Governo devia baixar os impostos. Sim, é a isto que se pode chamar cambalhota política.
VENTURA FINGE ARREPENDIMENTO
Mas a vitória no campeonato do maior cara-de-pau é para André Ventura. Fez saber que escreveu uma carta ao Papa, a pedir perdão por não ter estado na JMJ. Na verdade, a carta que alegadamente foi enviada para o Vaticano é uma declaração política. Uma declaração contra a imigração, contra a inclusão dos homossexuais na sociedade, uma carta onde critica a reunião do Papa Francisco com Lula da Silva, entre outras críticas que teceu quanto às iniciativas ecuménicas deste Papa.
Ventura não se arrepende de nada, nem mesmo de continuar a pretender enganar o mundo. A carta é um panfleto político, uma peça de propaganda.