Como todos sabemos, o Iraque foi invadido e destruído por uma alegação falsa de que o regime de Saddam Hussein tinha paióis de armas de destruição massiva. Não tinha, era mentira. Nunca os promotores dessa guerra se retrataram, entre eles o “barman” da cimeira das Lajes, Durão Barroso.
O Iraque foi invadido em 2003, depois de décadas de guerras com países vizinhos e depois da Guerra do Golfo para libertar o Kuwait. Antes, tinha havido a Guerra com o Irão e, nessa circunstância, os EUA foram aliados de Saddam Hussein.
Mas, em 2003, seis dias antes dos americanos terem começado a bombardear Bagdad, o Presidente iraquiano recebeu garantias da embaixadora norte-americana April Glaspie, de que os Estados Unidos não interviriam militarmente em defesa do Kuwait, porque não iam interferir em questões entre países árabes.
Enquanto diziam isto, preparavam a guerra. Contrariando a vontade da Liga Árabe, que queria resolver o assunto entre árabes, os EUA, Reino Unido, Alemanha, França e Japão reuniram tropas, armamento, financiamento e apoios políticos com a resolução 660 do Conselho de Segurança da ONU, que exigia o fim imediato e sem condições da ocupação do Kuwait pelo Iraque. A União Soviética estava já em fase de desmantelamento e votou também a favor. Nenhum país árabe votou a favor desta resolução. Mas o que estava em causa não eram os interesses árabes, apenas o petróleo do Kuwait.
Depois, foi o que se viu. Um milhão de mortos iraquianos. Foram anos a matar gente inocente. Alguns seriam combatentes, mas a maioria eram agricultores, professores, donas-de-casa, e os filhos deles. Sete milhões de refugiados, fugitivos de quem os queria matar. Quando há uma guerra generalizada, os hospitais e as fábricas são destruídas, as crianças deixam de ter escola. Bombas de urânio empobrecido lançadas às toneladas, continuam hoje a matar provocando cancros e fetos deformados. É um horror. São crimes contra a humanidade que nunca serão avaliados e levados a um tribunal. Nem mesmo os crimes cometidos nas prisões americanas, que foram denunciados nos media, com a prática de torturas e fuzilamentos sumários de prisioneiros iraquianos, como foram os casos que ocorreram em Abu Ghraib.
Antes de ser enforcado, em cerimónia pública televisionada, Saddam Hussein foi exibido e humilhado por soldados dos EUA, em atitudes que passaram igualmente impunes.
Neste momento, os iraquianos continuam a morrer à conta das inúmeras fraturas sociais e políticas que surgiram depois da invasão da coligação militar comandada pelos americanos, que deixou um Estado dilacerado e uma sociedade perdida em ódios e vinganças.
Hoje, temos várias guerras em simultâneo, na Síria, no Iémen, na Ucrânia, igualmente embrulhadas em desinformação e jogos de bastidores difíceis de decifrar.