MOEDAS QUER GARANTIR LUGARZINHO NO CÉU

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Não havia necessidade disto, terá pensado Manuel Clemente, o cardeal patriarca resignatário de Lisboa. Moedas inventou esta confusão, ao querer batizar a ponte sobre o rio Trancão com o nome do cardeal. A esquerda revoltou-se, as vítimas dos abusos sexuais perpretados por padres revoltaram-se, os agnósticos e ateus revoltaram-se, os fiéis de outros credos revoltaram-se, todos, todos, todos se revoltaram e as petições públicas para impedir esse disparate entupiram as redes sociais.

Foi de tal modo que o site das petições públicas está em baixo, hoje, já há várias horas.

Não sabemos se foi sobrecarga nos acessos, se foi algum pirata católico ou vírus divino, mas não é possível consultar nenhuma das petições em curso.

Entretanto, Manuel Clemente já veio dizer que recusa dar o seu nome para a ponte. Só que isso não termina com a polémica. Primeiro, porque todas as petições que alcancem mais de 7.500 assinaturas terão de ser apreciadas, discutidas e votadas na Assembleia da República. Como há várias petições, contra e a favor do batismo católico da ponte, e é possível que todas elas ultrapassem a fasquia das 7.500 assinaturas, os deputados vão ter aqui mais uma oportunidade para jogos florais.

Além disso, a genuflexão de Moedas reacendeu a velha discussão sobre o Estado laico que gosta de parecer católico. Diz a oposição de esquerda em Lisboa que a decisão do Presidente da Câmara Municipal “não foi precedida de parecer da Comissão Municipal de Toponímia, não foi alvo de apreciação e votação em reunião de Câmara Municipal de Lisboa e a ser, não cumpria o princípio plasmado nas regras da CML de que ‘atribuição de topónimo apenas deve ocorrer decorridos 5 anos sobre a morte da personalidade’, nem tão pouco o princípio de privilegiar ‘individualidades de maior universalidade’”.

O bloco de Esquerda diz que “esta vassalagem do Estado português à Igreja Católica é um insulto à nossa democracia e à nossa laicidade. Afinal, a laicidade garante que todas as religiões sejam tratadas por igual.”

Quando um político privilegia alguma instituição, o povo diz que ele está a tratar do futuro. Neste caso, Moedas deve estar a querer garantir um lugarzinho no céu.

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