Nenhum dos alegados crimes foi cometido em solo americano, mas os EUA pretendem o controlo absoluto no planeta e arredores. Nenhum cidadão de qualquer nacionalidade está livre de ser detido e levado para território americano para “julgamento”. As aspas justificam-se porque ninguém acredita na imparcialidade desse tipo de tribunais que julgam sob legislação que não tem jurisdição definida. E prisões como Guantanamo continuam ativas.
Julian Assange é um jornalista australiano, quando “saltou o muro” da Embaixada do Equador em Londres, foi para evitar ser detido e deportado para os EUA. Nunca conseguiu sair de lá, a polícia inglesa acabou por entrar na embaixada e levou-o para a prisão de segurança máxima de Belmarsh. Em janeiro de 2021, um juiz inglês rejeitou a extradição de Assange para os EUA, mas o jornalista continua encarcerado, sem acusação.
Assange ficou conhecido internacionalmente em 2010, quando o WikiLeaks publicou um vídeo de 2007 que exibia helicópteros Apache matando 12 pessoas em Bagdad – entre as vítimas, havia repórteres da Reuters. Esses e outros vídeos e dezenas de milhar de documentos publicados terão sido fornecidos por Chelsea Manning, militar norte-americana que denunciou vários casos. Manning foi detida, julgada e condenada, saiu em liberdade já, enquanto Assange continua detido sem nunca ter sido julgado.
Em 2010, o site Wikileaks divulgou mais de 90 mil documentos secretos com detalhes da campanha militar dos EUA no Afeganistão, seguidos por quase 400 mil relatórios internos que descreviam operações no Iraque.
A publicação deste tipo de material pelo Wikileaks foi um escândalo de proporções globais. Com raras exceções, os políticos condenaram as denúncias, Joe Biden era vice-presidente na altura e disse que era um “ato terrorista”. As exceções foram Lula da Silva, Presidente do Brasil, e Rafael Correa, Presidente do Equador que ofereceu a cidadania equatoriana ao fugitivo Assange. O Presidente da Rússia na altura, Dmitri Medvedev, disse que Assange merecia um Prémio Nobel.
Antes de ser um proscrito da lei dos EUA, Assange recebeu vários prémios de jornalismo e de direitos humanos, as informações obtidas pelo Wikileaks foram partilhadas por jornais como, por exemplo, o El País, o Le Monde, o Der Spiegel, o Guardian ou o New York Times. Hollywood fez filmes com esse material, os canais de televisão produziram muitos programas com essa temática. Mas, hoje, poucos falam disto e Julian Assange continua detido.
EM PORTUGAL, PEQUENAS HISTÓRIAS
Em Portugal pouco se falou disto. Alguns meios de Comunicação Social tentaram cavalgar a onda mediática de Assange, mas nunca nada de especial relacionado com o país foi divulgado. E há algum material publicável. O exemplo que avançamos aqui não passa de uma curiosidade.
Falamos do caso da Fundação Luso-Americana (FLAD) que foi alvo de pressões diplomáticas para que o Governo português retirasse Rui Machete da direção da FLAD. Nas mensagens trocadas entre a Embaixada dos EUA em Lisboa e o Governo dos EUA, Machete era classificado como incompetente, gastador, alguém que estava ali como “prémio de consolação” por ter perdido um “tacho” político.
Sem faltar indícios de corrupção na gestão da FLAD…
Esta troca de mensagens foi classificada como “secreta”, a sua divulgação não passa de um pequeno embaraço para as relações bilaterais entre EUA e Portugal. A FLAD é um organismo que surgiu para substituir em Portugal a USAID, organização através da qual se diz que os EUA financiavam encapotadamente a sua rede de espionagem e controlo político internacional.