Segundo a Newsweek, “uma série de casos anticorrupção na Ucrânia contra funcionários amplamente respeitados”, a maioria deles, membros do Governo de Petro Poroshenko, o antecessor do presidente Volodymyr Zelensky.
O próprio Poroshenko já esteve proibido de sair do país, sujeito a medidas de coação sem nunca ter sido formalmente acusado seja do que for.
Outros funcionários acusados de corrupção e sumariamente demitidos, embora sem acusação formal: Oleksiy Symonenko (vice Procurador Geral); Vyacheslav Shapovalov (vice ministro da Defesa); vários governadores regionais como, por exemplo, o de Kherson, Zaporizhzhia, Kyiv, Dnipropetrovsk e Sumy e, o mais surpreendente, o próprio chefe de gabinete de Zelensky, Kyrylo Tymoshenko.
Segundo a Newsweek, há suspeitas de que este afã persecutório seja motivado pela luta política e, ainda, para encobrir verdadeiros casos de corrupção que existam entre os membros do atual Governo ucraniano.
O paradoxo ucraniano é estar em guerra e, ao mesmo tempo, a nadar em dinheiro ou em bens e produtos que valem fortunas nos meandros do tráfico de armamento mundial. E sabemos pelo que tem acontecido noutras latitudes, há uma forte competição entre multinacionais de vários setores para ocupar um lugar de destaque na Ucrânia pós-conflito. Nestes ambientes existe corrupção.
Há, neste momento, três principais acusados de corrupção, pessoas consideradas como competentes, adeptos da implementação de profundas reformas políticas no país, membros do anterior Governo. São eles, Volodymyr Omelyan e Andriy Pivovarsky, ambos ministros das Infraestruturas, e o ex-chefe da empresa estatal de gás Naftogaz, Andriy Kobolyev.
Estas pessoas estão a ser acusadas publicamente, nos media e redes sociais ucranianas, depois de se saber que o Gabinete Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU) os considerava suspeitos de corrupção. Mas, segundo a Newsweek, não há acusações formais. No entanto, a suspeição é suficiente para acabar com qualquer veleidade política ou de carreira no Estado. Os suspeitos estão em prisão domiciliária, obrigados a usar pulseira eletrónica.
“Ainda existem redes de clientelismo corruptas em toda a Ucrânia, em todos os níveis, e esses parecem alvos mais apropriados para investigação e processos”, lê-se na Newsweek, que cita Josh Rudolph, alemão especialista financeiro e que dirige uma equipa de investigação sobre corrupção internacional.
No Twitter, Josh Rudolph publicou um momento particularmente embaraçoso para o Procurador ucraniano responsável por estas investigações. Vejam bem:
O artigo é extenso, acessível apenas em língua inglesa, mas dele extraímos ainda mais um elemento: o gabinete de Zelensky não respondeu aos pedidos de comentários da Newsweek.