O atual boom turístico não significa melhores salários para os trabalhadores. A hotelaria continua a pagar mal, mesmo confessando ter dificuldades em encontrar mão-de-obra. Outro exemplo, é o da aviação. Na TAP, subsistem questões relacionadas com os cortes salariais decretados no tempo da pandemia. Nas empresas de aviação low cost a realidade é confrangedora, com tripulantes de cabine a ganhar salário mínimo nacional.
Na Ryanair, por exemplo, os trabalhadores do chamado “handling” (assistência em terra) estão a convocar uma greve para os dois últimos dias de julho e outros dois dias na 1ª semana de agosto.
INJUSTIÇAS VOAM ALTO
O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) diz que a empresa não quer agora assinar um acordo negociado ao longo de anos, pelo que a greve se torna inevitável.
Os tripulantes de cabine, vulgo assistentes de bordo, também vivem uma situação algo surreal. Os novos contratados, depois de terem passado por uma seleção feita pela empresa e depois de terem ultrapassado 6 semanas de formação, são confrontados com contratos a 6 meses, não com a Ryanair mas com uma empresa de trabalho temporário. O salário garantido nesses contratos é o SMN.
No caso dos tripulantes de cabine, a Ryanair não exige licenciatura, mas escolhe os candidatos com melhor curriculum académico, pelo que a grande maioria são jovens licenciados e que dominam a língua inglesa.
Não se percebe como empresas como a Ryanair querem paz social.