Nélio Saltão passou a sua vida profissional como crupiê no Casino Estoril. Cedo, porém, se deixou seduzir pelo que ia vendo na galeria da casa onde trabalhava. E, claro, também as variadas cores das fichas de jogo lhe foram moldando o olhar.
Começou por naturezas mortas, que rapidamente aprendeu a pintar em pormenor, matizando-as desde logo de tonalidades fortes, atraentes.
Tem já largo currículo, sendo presença constante na conceituada Galeria S. Mamede, de Lisboa, na própria galeria do Casino e esta, agora, é mais uma das suas celebradas vindas ao Centro Cultural de Cascais.
Vale a pena ir ver e saborear, porque de imediato – se à porta largarmos preocupações e desditas – é fácil deixarmo-nos encantar.
– Cai neve no teu jardim? Deixá-la! Não viste como lhe enalteceu as pétalas coloridas?
– Queimaram-nos a frondosa floresta? Não ligues, que o verde daquela folha restante é esperança dum renascer!
A preocupação ecológica – sempre!
Reconfortar-nos-emos agora, adentro nessoutro mundo de cor! Acharemos, aliás, que é um reencontro, esse renascer de que bem precisados estamos, mergulhados como andamos num quotidiano cinzento de mais!
Convida-nos Nélio Saltão a mergulhar na cor. Na infinitude da paleta das suas cores. Já reparou como é bem variegado, confortante, num convite a olharmos mais além? Não lhe parece ser esse o objectivo da Arte autêntica: o de nos transportar para um mundo de fantasia, onde podemos à vontade sentarmo-nos e usufruir, serenamente, duma Beleza perene?
É, pois, de ir. Sentar-se. Admirar. O manto do reconforto depressa nos envolverá!