A agência Reuters publicou uma entrevista com o chefe da espionagem ucraniana, Kyrylo Budanov. Nos meios russófonos falava-se na hipótese de Budanov ter sido ferido ou mesmo morto num dos ataques com mísseis russos. A última vez que tinha sido visto em público foi no final de maio. Entretanto, tinha aparecido num vídeo com Zelensky, numa incursão que o Presidente da Ucrânia fez em data incerta à famosa ilha das Cobras. Esta entrevista vem por cobro às especulações sobre o estado de saúde do chefe da espionagem ucraniana. Está vivo e fala. Os russos lamentam que ele não tenha ido para junto de Hitler como esperavam que tivesse acontecido e se viu nas redes sociais com imagens como esta…

E o que diz Budanov? Diz que a Ucrânia aprendeu com os próprios erros, no que diz respeito à guerra da (des)informação. Aprendeu quando perdeu a Crimeia para a Rússia, em 2014. E a prova disso é que “a Rússia está a perder a batalha da informação”, garante Budanov.
Sobre o que se passou com o Grupo Wagner, na Rússia, Budanov diz saber que os amotinados tentaram capturar uma arma nuclear, localizada numa base militar. E garantiu que o líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, tem apoios dentro da Rússia. Sobre os apoios que poderá ter na Ucrânia, não foi questionado.
Perito em espionagem e contrainformação, sabendo que dificilmente alguém conseguirá confrontar as declarações que faz, não hesita em dizer coisas como: “Temos as nossas próprias fontes. Nos escritórios mais próximos de Putin, por assim dizer. É por isso que geralmente sabemos o que está acontecendo.” Não é possível desmenti-lo, ele não precisa de o provar, as palavras podem fazer tanta mossa quanto balas. Mas com o tempo, algumas coisas que Budanov tem dito tardam a acontecer…
Na fotografia que a Reuters publica com a entrevista, temos Budanov sentado no seu gabinete de paredes acinzentadas, debaixo de um quadro de gosto duvidoso, mas que é o símbolo dos GUR, os serviços de espionagem da Ucrânia: uma coruja com as garras cravadas num morcego.

Segundo os relatos do jornalista (não há imagens), as janelas deste gabinete estão completamente tapadas com sacos de areia e pelo chão há armas e um colete à prova de balas. Um homem sempre pronto a reagir.
Na Ucrânia dizem que se Zelensky sair de cena, Budanov assumirá o poder. Nessa eventualidade, talvez os russos prefiram preservar Zelensky.
fonte: Reuters