Os censores ao serviço do Governo Regional dos Açores não podiam prestar melhor serviço à comunidade. As ameaças proferidas contra o escritor Joel Neto não só o promovem a ‘figura nacional’ como nunca Joel foi antes, como também fizeram disparar as vendas do livro ‘Jénifer ou a princesa da França’.
António Bulcão é chefe de gabinete da Secretaria Regional da Educação e dos Assuntos Culturais, mas foi ele quem ‘puxou da pistola’ quando o livro de Joel Neto foi publicado e foi ele quem começou a disparar ameaças quando o escritor participou num Linha da Frente na RTP sobre os assuntos que a obra literária também aborda: a pobreza nos Açores.
Bulcão entrou em erupção quando confrontado com a realidade exposta. As ameaças ficaram escritas no telemóvel de Joel Neto que não hesitou em apresentar queixa no Ministério Público e, sabedor que o ataque é a melhor defesa, denunciou a situação nos media.
Nas redes sociais meio mundo tem manifestado espanto e indignação perante o sucedido, solidariedade com o escritor. Joel sabe que não está sozinho nesta situação, embora em termos práticos só a polícia pode garantir a segurança de um cidadão sob ameaça de um membro do Governo. Mas a polícia tem demasiadas pontes com a direita e extrema-direita para se poder acreditar no profissionalismo e ética das forças de segurança. O Governo Regional dos Açores é de direita e tem o apoio parlamentar dos dois deputados do Chega.
É por isso que Joel não nega ter receio, por ele e pela família. O ódio turva facilmente o pensamento de mentes mais débeis.
Perante a denúncia e a queixa apresenta por Joel Neto, o autor das ameaças já apresentou a demissão do cargo para o qual tinha sido nomeado em despacho de abril de 2022. Se o PSD , o CDS ou o Chega não lhe arranjarem outro tacho, lá terá de voltar a dar aulas no próximo ano letivo. Temos pena das crianças que o tenham como professor.
Quando perguntámos a Joel Neto se pensava sair dos Açores, para se proteger e à família, respondeu: “Era o que faltava. Esta é a minha terra, a terra do meu filhos e a terra da minha mulher.”