SUPERMERCADOS NÃO GOSTAM DE POBRES

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Os supermercados competem entre si, em teoria, no preço e na qualidade dos produtos que vendem. Muitas vezes, não parece ser assim. Os preços são frequentemente idênticos ou muito semelhantes, seja qual for o estabelecimento.

Outra forma de chamar a atenção da clientela são os concursos. Curiosamente, não há concursos vocacionados para os clientes com menos posses. Todos os concursos premeiam quem gasta mais dinheiro. Ou seja, dão prémios a quem menos precisa.

Por exemplo, neste momento o Intermarché tem em marcha sorteios semanais de cartões bancários com 1500 € mensais, ao longo de 18 meses. Mas cada cupão para estes sorteios só se obtém em compras superiores a 25 €. Quem não tem esse montante disponível, não pode participar e a acumulação de várias compras não serve para a atribuição de cupões.

Claro que quem pode gastar mais, ganha mais cupões e tem mais hipóteses de ser premiado.

No Lidl, outro exemplo. Há descontos de 4% automáticos, mas só a partir de 250 € de compras acumuladas mensalmente. Quem gasta mais de 250 € por mês em compras de supermercado, não precisa de descontos. Mas é isto que temos.

Informação disponibilizada na App do Lidl

Esta é a lógica perversa que está em vigor neste tipo de iniciativas. Os gestores dos supermercados devem pensar que ficam bem na fotografia, mas na verdade não ficam. Dirão que as empresas existem para ganhar dinheiro e que as preocupações sociais não fazem parte da atividade, mas não devia ser assim. E, nesta questão dos sorteios e dos descontos, as empresas perdem uma oportunidade. Desprezam a maioria dos clientes, os mais pobres, quando são eles quem lhes garantem o lucro.

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