Dantes, atacava-se o Maio. No dia 1, um grupo do pessoal que trabalhava nas pedreiras da freguesia de Cascais ia de porta em porta, logo de manhã cedo, a arrebanhar os amigos para o almoço de confraternização. Havia sempre à mão um cálice de bom medronho caseiro, um naco de pão, uma rodela de linguiça.
Pouco a pouco, a peregrinação foi-se perdendo e ganhou força a ida até à orla, entre Cascais e o Guincho. Pescava-se e do que se lograra apanhar, mais o que se comprara na praça, era caldeirada farta, em fogo a lenha. Proibiram-se as fogueiras, bardaram-se os terrenos e, agora, particamente só o União Recreativa da Charneca mantém a tradição da caldeirada.
Pelo lado oriental do concelho, canteiros também havia, agora menos, que a idade e as novas tecnologias trouxeram modificações. Uma tradição, contudo, se mantém e agora foi retomada: a da saborosa caldeirada preparada a preceito pelo Carlos no seu barracão.
Assim voltou a acontecer, no 1º de Maio. A dar oportunidade também de se observar de novo o que o Carlos vai ajuntando ali, um hábito que – além do «Caracol» – tem em Trajouce outros seguidores de antiguidades.
E que antiguidades, senhores!
Máquinas de escrever como já se não encontram nem em museus, ao que parece; telefonias de todos os tamanhos e feitios; pratos da Fábrica de Louças de Sacavém e doutras; candeeiros; lanternas…
Claro, pergunta o Carlos para onde é que tudo aquilo irá, um dia. Se alguém poderá aproveitar para mostrar como eram as máquinas de costura antigas e tantos outros utensílios ora caídos em desuso. Ele pergunta bem. E quem haverá aí capaz de lhe dar uma resposta?