OS TACHOS DE BRUXELAS

O julgamento de Mamadou Ba começou no dia 10 de maio.

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Uma das últimas coisas que um querido amigo me disse antes de falecer, foi que o juiz Carlos Alexandre estaria prestes a fazer as malas rumo a Bruxelas, ao aceitar integrar a lista do PS de candidatos a eurodeputados nas próximas eleições europeias. Uma espécie de acordo vantajoso para ambas as partes. O PS livrava-se de um chato e o juiz ia tratar da sua reforma dourada.

Militante de longa data do PS, com notória atividade política a nível do distrito onde sempre residiu, esse meu amigo não costumava errar, até porque tinha boas fontes. Mas, confesso que duvidei, embora a ideia não seja de desdenhar do ponto de vista de um partido político que queira vencer eleições. O juiz é um tipo bastante popular, embora talvez mais à direita do que na esquerda. Mas, enfim, o PS já nos habituou a coisas estranhas. Basta olhar, por exemplo, para o “socialista” que é presidente da Câmara Municipal de Sintra…

Sempre que leio notícias sobre o julgamento de Mamadou Ba, lembro-me desta confidência. Na altura, o meu amigo pediu sigilo, mas a morte dele livrou-me desse compromisso. E, como digo, nem sei se tal virá a acontecer. Mas, acreditando nesse amigo, o assunto foi tratado no seio do PS. O tempo nos irá mostrar o que foi decidido. As eleições para o parlamento europeu serão em julho de 2024.

Carlos Alexandre obrigou Mamadou Ba a ir a julgamento. Ao contrário da maioria das pessoas de esquerda, considerou que o fascista e racista confesso Mário Machado tem direito a defender a honra. Espero que tanto zelo legalista tenha cortado rente qualquer hipótese de aproximação com o PS.

No final de março, um comunicado conjunto de várias associações antirracistas dizia que “este é um caso eminentemente político, em que através dos tribunais se iguala um representante de uma força genocida a alguém que sempre lutou pela igualdade e se cauciona indiretamente a narrativa de que ‘racismo’ e ‘antirracismo’ são duas faces de uma mesma moeda”, e que o julgamento de Ba destina-se a enviar “um sinal claro para que o movimento negro e antirracista se cale”. Ora, uma coisa destas não pode ser premiada com um tacho em Bruxelas. Ou pode?

Leia também: O QUE NOS DIZ MAMADOU BA (duaslinhas.pt)

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