Viajar pelo mundo quase sem gastar dinheiro pode parecer uma ideia parva, mas já se transformou num novo negócio.
A ideia é pagar com o corpinho pelo alojamento. Calma! Não é isso. Pagar com trabalho: pintar paredes, cozinhar, passear cães, mudar areia da caixa dos gatos, tomar conta de crianças, regar as plantas, limpar a casa. Enfim, há muitas tarefas possíveis de possibilitarem uma troca vantajosa para ambas as partes. Quem tem espaço em casa, tem quem faça as tarefas necessárias e não precisa de pagar. O hóspede tem quarto e também não paga nada.
A agência Reuters conta-nos a história de Lillian Smith, uma americana de 30 anos que no último ano passou 8 meses a viajar, quase sem gastar dinheiro. Lillian esteve em França, Marrocos, Japão e Coreia do Sul. Nesses oito meses de viagem, só pagou hotel numa única noite.
Este “contrato” de prestação de serviços é mediado através de plataformas online que se especializaram nesta nova área de turismo. Tanto os proprietários das casas como os viajantes têm de estar inscritos e passar pelo crivo da organização que terá de ter garantias suficientes sobre a idoneidade deles.
As diferentes plataformas cobram uma quota anual, que neste momento varia entre os 80 e os 220 euros, pelo serviço que prestam aos dois lados. Se houver muitos interessados, quer em viajar quer em ceder alojamento, é dinheiro em caixa. Se este modo de viajar se popularizar, o turismo local vai ter uma quebra.
NÓMADAS DIGITAIS ESTÃO CONTENTES
No caso de Lillian, ela está inscrita no site TrustedHousesitters.com, que se especializou nesta troca de serviços com animais de estimação, mas não só. O viajante passeia o cão, dá-lhe banho e alimenta-o, escova-o e faz-lhe companhia. Os donos do cão pagam com cama, mesa e roupa lavada. O site cobra uma quota anual de cerca de 150 euros. Mas os oito meses de viagem sem custos de alojamento tornam a quota uma ninharia. Lillian diz que calcula ter poupado mais de 10 mil euros em alojamentos.
“Eu cuidei de três gatos e mais de 20 plantas quando estive em Marrocos, de um cão em Tóquio, um cão em Kobe e dois gatos na Coreia do Sul”, diz ela.
A TrustedHousesitters, com sede no Reino Unido, diz que o número de pessoas inscritas aumentou 12% nos últimos três meses, havendo hoje 160 mil inscritos. Fazendo contas, isso dá qualquer coisa como 24 milhões de euros de quotas anuais…
A Nomador.com, uma plataforma de home sitting, com sede em Paris, tem hoje mais 60% de potenciais babás desejosas de visitar a França e de treinar francês com as crianças cujos pais têm mais que fazer.
Os principais viajantes que optam por esta modalidade de alojamento são os chamados nómadas digitais. Durante os últimos anos, fizeram as delícias do Airbnb e alojamentos locais. Mas como passear o cão ou regar as plantas não ocupa o dia inteiro, eles podem juntar o útil ao agradável. Continuam com as suas atividades profissionais online e não pagam casa.