MONARQUIA BRITÂNICA, a caixa registadora

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A monarquia inglesa e os seus rituais, dos casamentos às coroações, dos jubileus aos funerais, entre outros eventos mais comuns, como a parada militar no palácio de Buckingham, fazem-me lembrar as cerimónias do Vaticano, ou o culto Mariano espalhado mundo fora, Fátima, Lourdes, Lujan, Guadalupe, onde uma série de locais de peregrinação se transformam em verdadeiros centros comerciais, cheios de produtos alusivos à religiosidade, neste caso alusivo à vida dos monarcas e seus descendentes, mas não só.

Por exemplo, vermos em Fátima, o Mcdonalds, o Burger King e outras cadeias de fast food, é bem demonstrativo de como a religião se tornou num ramo especializado da indústria turística, onde ninguém quer estar ausente desde que se venda.

Dito isto, acho que a monarquia inglesa só subsistiu até à actualidade, nomeadamente com toda aquela faustosidade e esplendor, porque se transformou num negócio de milhares de milhões de libras.

Aquilo é um pouco como a indústria cinematográfica americana, ou como as novelas brasileiras. Há um infinidade de consumidores daquela literatura cor de rosa, ou se quiserem, daquele conto de fadas, onde reis, príncipes e donzelas se cruzam nas mais variadas festas e intrigas palacianas.

A série televisiva the Crown e a Downton Abbey, geraram por si só, milhões de libras de receitas, só com a venda para as várias cadeias de televisão, das suas histórias. Várias temporadas.

Não há nenhuma monarquia no planeta que consiga facturar 1/5 das receitas que directa ou indirectamente estão associadas à monarquia britânica.

Sendo eu republicano convicto, reconheço que com aquele negócio de milhar de milhões que gravita em torno da monarquia inglesa, até com os escândalos e as zangas familiares, onde o voyeurismo faz parte do negócio, vai ser difícil acabar com aquilo.

A monarquia britânica é uma espécie de árvore das patacas, que toda a gente concorda estar a secar, mas enquanto de lá caírem “libras”, ninguém a vai cortar.

2 COMENTÁRIOS

  1. Tem razão Rui Naldinho quando sugere que estes espectáculos, vividos e partilhados pela família real inglesa, alimentam um certo tipo de imprensa cor-de-rosa que os “súbditos” das majestades devoram.
    E tanto lhes dá que as personagens hoje andem pelas ruas da amargura, como amanhã exibam veludo e arminho.
    Identificam-se com a extravagância das manifestações públicas, enquanto veneram a solenidade dos rituais. Diria que até parte daqueles que lucidamente protestam, mas de chapéu alto na cabeça e as cores da bandeira no rosto.
    Afinal, entre os gastos exorbitantes e as receitas produzidas, talvez haja equilíbrio.
    Imperdoável é o aproveitamento da fé nos espaços de peregrinação. Tantos vendilhões nos recintos exteriores dos templos, já considerados solo “sagrado”!
    Devia ser uma ofensa para crentes e ministros das Igrejas, se não vivêssemos em tempo de globalização de procedimentos e de promiscuidade entre o sagrado e o profano. O primeiro diluído nas viagens de recreio, o outro exacerbado pela imposição do lucro.

  2. Não posso estar mais de acordo com o que escreveu.
    Nem eu consigo, por muito esforço que faça, de me deixar embriagar por aquelas séries inglesas, como as que referi no texto inicial.
    Há uma filmografia e uma literatura de cordel, britânica, será que me posso exprimir assim(?), que gravita em volta da família real: amores, traições, silêncios, escândalos, como se tudo aquilo fizesse parte da nossa realidade quotidiana.
    A maioria de nós vive num mundo muito mais modesto e cruel. Mas deixamo-nos transportar nesse enredo, como se tudo aquilo fosse um desejo alcançável.
    Enfim!

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