Não há peditório do Banco Alimentar Contra a Fome (BA) sem Marcelo. E ainda bem. Sem Marcelo, a pobreza em Portugal ficaria ainda mais sujeita à caridadezinha. Marcelo diz que se trata de solidariedade. A diferença é óbvia: a caridadezinha é a esmola que o rico deita no copo do pedinte e a solidariedade é o sentimento nobre de ajudar quem precisa.
Marcelo não falha uma campanha do BA. Ele sabe como ficar bem na fotografia. Ou no “boneco” televisivo. Aproveita para cimentar a sua popularidade e sempre é mais uma oportunidade para deixar recados. Desta vez, não resistiu em voltar a dar indicações ao Governo e mencionou o problema das hipotecas bancárias na habitação, mas poupou o primeiro-ministro ao esquecer o combate à pobreza da responsabilidade governativa.
Há meses que as pessoas carenciadas, que se socorrem da ajuda providenciada através do BA, esperam pela reativação do programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas (POAPMC), suspenso, adiado, interrompido há muitos meses.
Este POAPMC é financiado pela União Europeia, mas depende da logística de cada Estado para ser implementado. Em Portugal (noutros países não sabemos), a operacionalidade deste programa tem sido alvo de litígios sem fim entre as empresas que concorrem aos fornecimentos e à distribuição dos alimentos. Quem se lixa, como sempre, é o mexilhão. Entre impugnações de concursos e falhas de fornecimentos, o apoio aos mais carenciadas tem ficado esquecido.