INVENTAR DE NOVO A RODA

As transformações na indústria automóvel não implicam, apenas, motores menos poluentes. A revolução tem de ir até aos pneus.

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Quando os pneus rolam na estrada, produzem poluição na forma de pequenas partículas de borracha queimada. Estima-se que existam 2 mil milhões de pneus a rolar, em todo o mundo, desde bicicletas e motociclos aos camiões de carga com múltiplos rodados. Tudo junto, são muitas toneladas de micropartículas de borracha no ar, na berma das estradas e passeios, levadas pela água das chuvas para rios e oceanos e que acabam por entrar na alimentação de animais, afetando toda a cadeia alimentar. Ou seja, andamos a comer borracha dos pneus dos nossos carros.

A toxicidade dos pneus é inquestionável, uma vez que cada pneu é produzido com a mistura de cerca de 200 componentes e produtos químicos, muitas deles derivados do petróleo. É o caso do produto químico conhecido por 6PPD, usado para reduzir as fissuras da borracha e que é comprovadamente cancerígeno.

Para acabar com isto, os fabricantes de pneus têm de inventar a roda, de novo. Novos tipos de pneus, mais duráveis, mais recicláveis, é o que os legisladores estão a exigir que a indústria consiga fazer. Na Europa, a norma Euro 7 sobre redução de emissões de carbono, vai estabelecer pela 1º vez normas para pneus.

Curiosamente, o aumento do número de carros elétricos em circulação veio agravar esta questão da poluição provocada pelo desgaste dos pneus. Os veículos elétricos, por terem maior poder de aceleração, tendem a desgastar mais rapidamente os pneus.

Tudo isto é uma dor de cabeça para as principais fábricas de pneus. A Bridgestone, a Goodyear, a Michelin, a Continental e a Pirelli estão a juntar esforços e a desenvolver pesquisas em conjunto, para inventarem um novo pneu.

Um problema que está a adquirir dimensões inesperadas. Pesquisas recentes deram como provado que o desaparecimento de uma espécie de salmão da costa oeste dos EUA se deve ao químico 6PPD que está a envenenar rios e zonas costeiras marítimas. Efeitos na saúde pública ainda não foram concluídos, mas se o que comemos está envenenado, sabemos de antemão o que acontece connosco.

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