Jonas Kratzenberg é um jovem alemão que gosta de correr riscos. Primeiro, alistou-se para combater na Ucrânia. Por lá andou até ser gravemente ferido. Cego de um olho e com estilhaços de granada por todo o corpo, Jonas decidiu escrever um livro sobre a sua experiência de combate na Legião Estrangeira do exército ucraniano. Talvez o livro seja um perigo maior que os campos de batalha.
No relato, Jonas conta o que andou a fazer por Irpin e Bucha, testemunha de bombardeamentos de artilharia, ele combateu como artilheiro na linha da frente, até ao dia em que, depois de um ataque a uma aldeia ocupada pelos militares russos perto de Mykolaiv, um drone aparece subitamente acima dele e… bum!
Mas acontece que Jonas relata também execuções sumárias de prisioneiros russos, militares e civis russos. E relata a desorganização da tropa ucraniana comparando, claro, com aquilo que aprendeu na tropa alemã.
Fosse o relato de Jonas Kratzenberg uma cena mais heroica, o livro poderia estar já em Hollywood para ser adaptado ao cinema. Mas assim, o silêncio ajudará a calar a denúncia.
O relato fala ainda do modo como os estrangeiros são tratados pelos ucranianos, a expressão é “carne para canhão”.
Kratzenberg é um soldado experiente. Esteve no Afeganistão, incorporado numa força da NATO, foi dispensado das forças armadas alemãs em fevereiro de 2022, no mês seguinte estava na Ucrânia.
As palavras do soldado alemão confirmam uma série de acusações feitas por outras fontes, indiciando que os ucranianos executam sumariamente prisioneiros. Em março, observadores das Nações Unidas já tinham afirmado ter provas de que as tropas ucranianas, assim como as russas, estavam a cometer execuções extrajudiciais e tortura. Mas nada disso teve muito eco na imprensa internacional.
Notícias sobre crimes de guerra cometidos por tropas da Ucrânia são sistematicamente silenciadas nos media ocidentais. É como se não existissem. Mesmo a Amnistia Internacional (AI) cala essa realidade. Por exemplo, no site em português da AI, a mais recente denúncia sobre crimes de guerra praticados por ucranianos no Donbass data de 2014.
O livro tem a co-autoria de Fred Sellin, um escritor com meia dúzia de biografias, policiais e investigações jornalísticas publicadas.